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Certamente há fãs mais cegos da Marvel que sequer passaram da manchete desta notícia e estão prontos para odiar mortalmente mais uma “recalcada” que falou mal dos filmes da editora/estúdio. E isso apenas reflete o esvaziamento do diálogo e, por consequência, a desvalorização do pensamento crítico. Mas, para você que está ao menos lendo essa notícia, vale à pena atentarmos às recentes declarações da cineasta argentina Lucrecia Martel, um dos principais nomes do cinema mundial. Vale lembrar que ela chegou a ser cogitada para comandar a aventura solo da Viúva Negra, mas acabou não sendo escolhida, provavelmente por ter “ideias demais”. Perguntada pela The Film Stage em recente entrevista se já assistiu à Viúva Negra (2021), ela disse: “Não, não, não. Tentei. Eles contataram um grande número de diretoras e nunca imaginei que eu poderia fazer parte disso. Nunca pensei que isso seria possível. Adoraria fazer um filme com eles, mas teria de fornecer algo que eu gostaria de ver naquele mundo”.

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Viúva Negra

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Na sequência da entrevista, Lucrecia Martel citou um ponto que merece a nossa atenção: o som nos filmes Marvel:

“Alguns filmes da Marvel estão disponíveis em aviões, então vi alguns desse modo. Acho o som neles absolutamente de péssimo gosto, incluindo os efeitos sonoros… A seleção de sons que eles trabalham nos efeitos na verdade é muito feia. E a utilização da música é realmente horrível”.

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E ela continuou falando sua quase entrada nesse universo:

“Fui a uma reunião da qual não posso falar muito por conta do documento de confidencialidade. A Marvel e outras produtoras estão tentando envolver mais cineastas do sexo feminino…O que elas me disseram na reunião foi ‘precisamos de uma diretora porque queremos alguém que se preocupe principalmente com o desenvolvimento da personagem de Scarlett Johansson.’ Eles também me disseram: ‘Não se preocupe com as cenas de ação, nós cuidaremos disso’. E eu estava pensando que adoraria conhecer Scarlett Johansson, mas que também adoraria fazer as sequências de ação”.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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