O cineasta argentino Fernando Solanas morreu neste sábado, 07, em Paris, semanas após ter sido diagnosticado com Covid-19. A informação foi confirmada pelo ministério das Relações Exteriores da Argentina. No dia 16 de outubro, o próprio Solanas, que atendia pelo apelido de Pino, divulgou em sua conta do Twitter que ele e a esposa tinham sido infectados na capital francesa (ver postagem abaixo). Alguns dias depois, escreveu novamente na rede social, comentando que seu estado era delicado, mas que continuava resistindo. Além de cineasta, Solanas foi também um prolífico ativista político. Foi eleito senador pela cidade de Buenos Aires em 1992, adiante deputado e chegou a candidatar-se à presidência da república pelo movimento progressista Projeto Sul. Em 2019, endossou a chapa presidencial de Alberto Fernández e Cristina Fernández.
LEIA MAIS
Sean Connery morre aos 90 anos de idade
Ator e diretor Cecil Thiré morre aos 77 anos no Rio de Janeiro
Astro de Lista Negra e Twin Peaks, Clark Middleton morre aos 63 anos
Fernando Solanas estreou no cinema em 1962, com o curta-metragem Seguir Andando. Alguns anos mais tarde, na companhia de Octavio Getino, dirigiu o mastodôntico e paradigmático documentário La Hora de los Hornos (1962), emblema do cinema latino-americano politicamente comprometido. Dividido em três segmentos, Neocolonialismo e violência; Ato para a liberdade; Violência e Liberdade, o filme é um tratado sobre as relações sócio-políticas da Argentina, a aproximação da esquerda do chamado peronismo e a posterior distância desse modelo em prol da consciência proletária. A carreira de Fernando Solanas sempre articulou cinema e política. Em 2004, apresentou no Festival de Berlim seu documentário Memoria del Saqueo, no mesmo ano em que recebeu no evento o Urso de Ouro honorário pelo conjunto de sua obra.