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O cineasta baiano Geraldo Sarno morreu nesta terça-feira, 22, aos 83 anos, em decorrência de complicações da Covid-19. O artista estava internado há praticamente um mês num hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro, mas infelizmente não resistiu ao avanço da doença. Ele estava vacinado com três doses e já preparava o retorno à sua terra natal quando contraiu o vírus que lhe debilitou ainda mais a saúde. Filho de comerciantes italianos, Geraldo Sarno cresceu numa comunidade de imigrantes no meio do sertão nordestino. Foi para Cuba em dezembro de 1962, indicado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), devido à sua participação no Centro Popular de Cultura (CPC). Apesar de recém-formado em Direito, resolveu permanecer no país caribenho por mais um ano, a fim de estudar cinema. Debutou como realizador com o documentário em curta-metragem Viramundo (1965), rapidamente transformado num grande clássico do cinema brasileiro. Dali para frente, ficou bastante conhecido por abordar frequentemente temas que envolvem as migrações de populações dentro do Brasil, bem como por ressaltar as religiões e demais traços da cultura popular. Dirigiu Coronel Delmiro Gouveia (1978), Tudo Isto me Parece um Sonho (2008) – pelo qual venceu o prêmio de Melhor Direção no Festival de Brasília – e O Último Romance de Balzac (2010).

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Geraldo Sarno foi o idealizador de uma série chamada A Linguagem do Cinema, que contou com diversos cineastas explicando o funcionamento dos seus métodos de trabalho e do que eram feitas as suas visões do cinema. Depois de quase 10 anos sem lançar um longa-metragem, ele voltou às telonas em grande estilo com a obra-prima Sertânia (2020). Exibido em diversos festivais Brasil e mundo afora, o longa-metragem que retoma o tema do cangaço numa chave lírica foi eleito pela equipe do Papo de Cinema como o Melhor Filme Brasileiro de 2020. Além disso, a produção se consagrou no 26º Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro, levando os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Som e Direção de Fotografia. Sem dúvida, um reconhecimento merecidíssimo para um dos filmes brasileiros mais inquietantes dos últimos tempos. A obra do cineasta pode ser estudada e no site Linguagem do Cinema, mantido pelo Governo do Estado da Baia. Todas as nossas reverências ao grande Geraldo Sarno.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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