Não se pode dizer que Luca Guadagnino é um sujeito medroso. Depois de lançar a refilmagem de Suspiria (1977), uma das obras mais emblemáticas de Dario Argento, em meio a tantos projetos com sua assinatura ele vai capitanear uma nova versão de Scarface (1983) que, por sua vez, já era uma refilmagem de Scarface: A Vergonha de uma Nação (1932). Em breve estaremos diante do remake-do-remake. Mas, para o cineasta italiano, Tony Montana, o protagonista da trama, permite tantas leituras que ele gostaria que as pessoas deixassem de pensar no seu filme como devedor de algo ao longa dirigido por Brian De Palma nos anos 1980 ou mesmo ao longa assinado por Howard Hawks nos anos 1930. Numa recente entrevista ao BadTaste, durante o Festival de Veneza, ele falou sobre isso.
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“O filme de Brian De Palma deixou uma marca em mim. Então, é importante na minha imaginação. Estou interessado no personagem Tony Montana. Ele é um sintoma do sonho norte-americano. Acho que esses filmes são feitos exatamente para suas épocas. Meu próprio Scarface chegará quase 40 anos após o anterior. Acho que o importante nesses filmes não é o fato de serem exuberantes e fundamentais, como foi o do De Palma. O importante é saber que Tony Montana é um personagem arquetípico (…) Se estivéssemos concebendo um filme sobre Jesus Cristo, se trataria de uma figura humana arquetípica. Não tenho complexos de inferioridade sobre grandes filmes feitos por grandes cineastas”.
Sob essa perspectiva, Guadagnino disse que seu filme será muito diferente dos anteriores, e que, munido do ótimo roteiro que tem em mãos, deseja fazer um longa chocante. Será?