20221123 jean marie straub papo de cinema

O cineasta francês Jean-Marie Straub morreu no último sábado, 19, na Suíça. A causa não foi confirmada pela família. Tratava-se de um dos principais nomes no cinema de vanguarda da França, reconhecido especialmente pela excelência dos filmes assinados em parceria com sua falecida esposa Danièle Huillet (1936-2006). Nascido em Metz, cidade interiorana, Straub conheceu Huillet em 1954 na capital Paris. Colaborador da mítica revista Cahiers du Cinéma, berço da revolução conhecida como Nouvelle Vague Francesa, ele era amigo pessoal de François Truffaut – que se recusava a publicar seus artigos mais inflamados na influente revista. Durante a sua formação, Straub trabalhou como diretor assistente de grandes nomes, tais como Abel Gance, Jean Renoir, Robert Bresson e Alexandre Astruc. Um pouco mais tarde, Straub e Huillet migraram para a Alemanha a fim de que ele pudesse escapar do serviço militar obrigatório envolvido na guerra que acontecia na Argélia.

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Foi na Alemanha que os dois se casaram e fizeram o primeiro filme juntos, o curta-metragem Machorka-Muff (1963). Dois anos depois, em 1965, ele lançou Os Não Reconciliados, filme de 55 minutos em que eram investigada s gerações de uma família alemã. Em 1968, eles assinaram novamente em conjunto Crônica de Anna Magdalena Bach, talvez o primeiro filme de ambos que tenha causado uma verdadeira comoção na comunidade cinéfila. A mudança posterior para Roma, na Itália, marcou uma nova fase para o casal. Sem almejar e por isso mesmo nunca alcançar sucesso comercial, Straub e Huillet lançaram ao longo dos anos obras provocadoras, tais como Moisés e Aarão (1975), Da Nuvem à Resistência (1979), Relações de Classe (1984), A Morte de Empédocles (1987), Antígona (1992), Gente da Sicília (1999) e Esses Encontros Com Eles (2006). Depois da morte da esposa, Straub abandonou os longas e se voltou novamente aos curtas-metragens.

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Straube e Huillet
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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