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Nos últimos dias, a classe artística foi pega de surpresa pelo anúncio do cancelamento do Festival de Brasília 2020. Bartolomeu Rodrigues, Secretário de Cultura do DF, alegou que não havia recursos sequer para realizar uma edição parte em streaming, parte em drive-in, como tinha sido cogitado inicialmente em decorrência da Covid-19.

O Festival de Brasília constitui o mais duradouro e tradicional festival brasileiro, representando um palco fundamental para revelar novos talentos em curta e longa-metragem, além de promover encontros entre produtores e realizadores e movimentar a economia local. Apesar de gestos contrários ao financiamento de eventos culturais por parte do governo federal, a edição 2019 ocorreu com nova curadoria e diretoria.

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Agora, a classe artística é unânime em condenar a opção pelo cancelamento. Em entrevista ao Metrópoles, a diretora e cineasta Dácia Ibiapina (de Cadê Edson?, 2019) lamenta: “Em um momento desse de pandemia, opta-se para contingenciar os recursos da cultura, tirando o sustento de diversas pessoas que estão paralisadas, sem poder trabalhar”.

Iberê Carvalho (de O Último Cine Drive-In, 2015) chama à mobilização dos artistas: “Essa conversa fiada de que não tem dinheiro ouvimos todo ano. Se houver vontade política dá para fazer. Não há diálogo com a classe, sabemos de tudo pela imprensa. Se eles não fizerem, a gente faz [o festival]. Vai ter uma mobilização nacional”. Adirley Queirós (de Branco Sai, Preto Fica, 2014), considera o cancelamento um “grande erro” e apela a “pensar formas novas, que driblem a crise e a pandemia”.

Uma carta coletiva, assinada por 34 associações e instituições do audiovisual, declara: “Os prejuízos desta decisão são imensos e alcançam não apenas à comunidade audiovisual mas também à sociedade brasileira, que será privada de vivenciar a fascinante experiência proporcionada todos os anos pelo FBCB. Em tempos de Covid-19, os festivais brasileiros buscam reinventar-se e reafirmam a sua importância como espaços fundamentais para difusão do cinema brasileiro em formatos digitais enquanto aguardam com expectativa os rumos do combate à pandemia para retornarem ao seu modelo presencial. Assim sendo, torna-se fundamental e urgente a reversão desta medida extrema de cancelamento do FBCB”.

Entre os signatários se encontram a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), a APACI (Associação Paulista de Cineastas), a ABCV (Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo), a ABRACI (Associação Brasileira de Cineastas) e festivais como o Cine Ceará e o Cine PE.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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