A prática é comum no cinema: produtores, diretores e demais artistas utilizam o sucesso de uma obra para negociar contratos de participação nos lucros e eventuais sequências. Ou seja, se um primeiro filme obtém números expressivos em salas, os criadores solicitam um valor maior para seguir no projeto. Esta tem sido a realidade de todas as franquias e sagas de sucesso nas últimas décadas.
No entanto, os gigantes do streaming trazem uma configuração diferente ao mercado, pois os números de visualizações costumam ser mantidos em segredo. A Netflix, principal empresa do ramo, revela apenas os dados que interessam à empresa, a partir de uma métrica muito particular: considera-se uma visualização a partir de dois minutos de streaming. Ou seja, se você assistiu aos dois primeiros minutos de Bridgerton (2020 -), por exemplo, mas abandonou a série em seguida, será incluído entre os espectadores.
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Por isso, na última segunda-feira, a Federation of European Screen Directors (FERA), associação de diretores europeus, enviou uma carta aberta às plataformas do streaming para solicitar maior transparência quanto às visualizações, o que permitiria efetuar “negociações justas”, segundo a instituição. Na Europa, é comum os artistas serem recompensados pelo sucesso de suas obras, não apenas pelo valor estipulado previamente, durante a contratação.
“Sem informações sobre o desempenho real de nosso trabalho, autores e seus representantes negociam no escuro”, afirma a carta. De fato, a regulação do streaming e do VoD constitui uma fronteira a conquistar para a indústria cinematográfica, enquanto empresas como Netflix, Amazon e outras se beneficiam de tamanha liberdade para estabelecer as suas regras comerciais.
De acordo com a Netflix, a série francesa Lupin (2021 -) foi vista por 70 milhões de pessoas, enquanto o filme de terror espanhol O Poço (2019) atingiu 56 milhões de visualizações.
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