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Desde que a pandemia de Covid-19 provocou o fechamento das salas de cinema, gerando atraso de pelo menos um ano no lançamento dos principais blockbusters previstos para 2020, as majors (ou seja, grandes estúdios que controlam tanto a produção quanto a distribuição de suas obras) têm se dividido quanto à melhor atitude a adotar para preservar a indústria de cinema.

A Disney suscitou forte rejeição dos exibidores quando optou por lançar seus principais filmes de 2020, a exemplo de Mulan (2020) e Soul (2020), via plataforma de streaming Disney+, sem passar pelas salas de cinema. A Warner Bros. seguiu por um caminho diferente, porém igualmente questionado pelos profissionais: o lançamento simultâneo em salas de cinema e streaming, através da plataforma HBO Max. Godzilla vs. Kong (2021) e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021) colocaram esta estratégia à prova, com resultados considerados favoráveis pelos produtores.

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Velozes & Furiosos 9

 

No entanto, os estúdios Universal anunciaram uma iniciativa distinta. Segundo o portal Exibidor, o CEO Jeff Shell comunicou à indústria que os títulos da empresa devem ser lançados exclusivamente nos cinemas, embora a janela separando a estreia em salas e no streaming tenha sido encurtada – ou seja, os filmes chegarão mais rápido ao formato caseiro depois de passarem pelas salas de cinema.

Esta decisão afeta projetos como Velozes & Furiosos 9 (2021), Tempo (2021), novo suspense de M. Night Shyamalan, e Uma Noite de Crime: A Fronteira (2021). Apesar de priorizar os cinemas, a Universal pretende seguir com o PVoD, ou Premium Video on Demand, em lançamentos pontuais. Neste caso, filmes estreiam em salas em paralelo a pré-estreias digitais a valores muito superiores ao ingresso habitual. Os empresários se baseiam no sucesso do PVoD de Trolls 2 (2020) para manter esta iniciativa.

Para os exibidores, no entanto, o PVoD pode constituir um risco: se o público mais interessado já tiver assistido à produção em casa, não terá motivos para desembolsar o ingresso para as salas de cinema. Ainda que por caminhos diferentes, os grandes estúdios apontam para a necessidade de convivência entre a experiência coletiva das salas e as exibições em casa, pelo menos durante o período de retomada.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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