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O canto da natureza deu o tom da primeira noite da Mostra de Cinema de Ouro Preto 2022, nesta quinta-feira, 23. Após um dia de atividades paralelas, como a Sessão Cine Escola e um seminário sobre cinema e educação, a grande cerimônia de abertura do evento deixou clara sua posição: homenagear a produção audiovisual indígena. “Lutar, preservar e resistir“, foram algumas das palavras da coordenadora da mostra, Raquel Hallak, ao mencionar o vasto conhecimento que os povos originários tem a nos oferecer, apesar de pouco lembrado – “ou menos do que deveriam“, ainda conforme Raquel.

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Realizada na histórica Praça Tiradentes, a festa que inaugurou os trabalhos deste ano contou com a reunião de distintas tribos. Na ocasião, quaisquer diferenças teológicas – podemos dizer – foram deixadas de lado para a realização de Caminhos de Pachamama, apresentação especial que uniu as aldeias em uníssono, vestindo trajes típicos de cada clã. Canções, danças e brados puderam ser conferidos pelos presentes. Além disso, o sarau também contou com a discotecagem da DJ Kingdom e com a voz da cantora Brisa Flow. Conforme dito por Brisa, a conciliação de todas as linhagens no palco visou “fortalecer um movimento cada vez mais sufocado“. O Marco Temporal, tese jurídica defendida por grandes ruralistas que visa tomar terras nativas, também foi duramente criticado.

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Apresentação Caminhos de Pachamama

Para além do lado político fortemente enraizado na peça de estreia, com temáticas urgentes, também sobrou tempo para homenagens e projeções. Antes da tela grande brilhar, os cineastas M’bya Guarani Kuaray (Ariel Ortega) e Pará Yxapy (Patrícia Ferreira) foram agraciados com o Troféu Vila Rica. Ambos são considerados ícones do cinema de celebração a cultura indigenista, com trajetórias de quase duas décadas. Na sequência, foram exibidos o média-metragem Bicicletas de Nhanderú (2011), de tom cômico/dramático, e o curta Nossos Espíritos Seguem Chegando: Nhe’e Kuery Jogueru Teri (2021), que explora o cotidiano dos índios em meio a pandemia da Covid-19.

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Os homenageados da noite de abertura

Vale lembrar que, ao todo, no CineOP, serão exibidos 151 filmes em pré-estreias e mostras temáticas (20 longas, 14 médias e 117 curtas-metragens), vindos de oito países (Brasil, Argentina, Bolívia, EUA, Israel, Peru, Rússia, Uruguai) e de 21 estados brasileiros (AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SP) distribuídos em oito mostras. São elas: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. Entre atividades previstas, 23 debates e rodas de conversa, com a participação de mais de 80 profissionais nacionais e internacionais.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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