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Um dos princípios norteadores do CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto é a preservação audiovisual, tópico de extrema importância no que tange à proteção do nosso patrimônio histórico. Pensar modos de viabilizar a conservação e a restauração do nosso acervo cinematográfico e televisivo é pauta urgente, algo que precisa ter respaldo político e econômico. E neste sábado, 22, houve no evento um daqueles momentos especiais que justificam todos esses esforços. Foi exibido no centro de convenções de Ouro Preto o filme brasileiro Uma Vida Para Dois (1953), dirigido por Armando de Miranda e Sérgio Brito – aliás, o único longa-metragem codirigido por Brito, uma já falecida sumidade teatral e televisiva. A cópia projetada na cidade mineira não passou ainda pelo processo de restauro, sendo digitalizada de uma matriz em 16mm encontrada em posse de um colecionador. Há mais de 40 anos se imaginava que o thriller melodramático havia sido perdido para sempre, mas a localização desse exemplar que resistiu ao tempo permitiu a Patrícia Civelli, filha do produtor Mario Civelli, empreender o processo de resgate e restauro que começa daqui em diante. De todo modo, foi uma sessão muito bonita de redescoberta.

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Patrícia Civelli, diretora da Memória Civelli, ladeada por dois curadores do CineOP, enquanto apresentava o filme. Foto/Marcelo Müller

Uma Vida Para Dois tem como protagonistas dois homens apaixonados pela mesma mulher. Depois de salvá-la dos avanços indesejados do padrasto abusador, eles a acolhem num quarto e passam a dividir o cotidiano com ela, sofrendo mais tarde com a separação. Pobres, sem perspectiva de ganhar dinheiro com a música e a literatura (um é compositor, o outro escritor), eles resolvem fazer um pacto que envolve a apólice de seguro de vida insistentemente oferecida por um corretor, elegendo a amada de ambos como juíza sobre vida e morte. Trata-se de um melodrama com tintas às vezes exageradas demais, mas com uma trama interessante e que cativa pelas mudanças de rumo e as obscuridades que gradativamente distanciam os amigos e transformam a sua relação em algo doentio. O elenco conta com Luigi Picchi, Orlando Villar e Liana Duval nos papeis principais, contracenando com Jaime Barcellos e Ítalo Rossi.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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