Em 2020, a Cinemateca Brasileira se tornou um símbolo da disputa entre o governo federal e a classe artística. A instituição que completa 75 anos de existência sofreu ameaças de mudança no comando, anúncio da introdução de Regina Duarte em cargo desconhecido (o que nunca ocorreu de fato), e terminou com as chaves apreendidas pelo Secretário da Cultura, Mário Frias, auxiliado por forças policiais.
Desde então, a instituição está fechada e paralisada. Todos os funcionários foram demitidos, e o acesso ao valioso acervo se encontra interditado. Há riscos de deterioração do raro material que integra a maior cinemateca da América Latina. Por isso, a Sociedade Amigos da Cinemateca clamou pela reabertura imediata em audiência pública na última segunda-feira, dia 12.
LEIA MAIS
Governo federal reabre licitação importante à Cinemateca Brasileira
Situação da Cinemateca Brasileira possivelmente muda após saída de ministro do Turismo
Cinemateca Brasileira :: 41 funcionários são demitidos sem indenização
O grupo composto por produtores, pesquisadores, atores e outros representantes do audiovisual brasileiro cobram uma atitude de Frias, que havia prometido passar a gestão à Sociedade em 12 de janeiro de 2021. Os planos nunca se concretizaram, e desde então, o governo federal evita tomar qualquer decisão a respeito (nem mesmo sobre a intenção de transportar o acervo de 240 mil rolos para Brasília – medida ilegal, de acordo com o estatuto da Cinemateca).
“A Cinemateca está em coma, respirando por aparelhos”, declarou Carlos Augusto Calil, atual presidente do grupo, que já foi presidente da Cinemateca, da Embrafilme e Secretário de Cultura de São Paulo. Hélio Ferraz, representante do governo, anunciou o lançamento futuro de um edital para decidir o novo gestor da instituição, porém não precisou datas, nem a natureza deste projeto.