Crítico da BBC descreve Mufasa: O Rei Leão como ‘um caça níquel sem sentido’

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Redação Papo de Cinema

Uma das histórias de maior audiência da Disney voltou recentemente aos cinemas de todo o mundo. Depois do remake de O Rei Leão em 2019, produzido em live-action e que arrecadou em torno de 1,6 bilhões de bilheteria, os estúdios Disney apostaram numa nova produção: Mufasa: O Rei Leão, filme que explora a trajetória do pai de Simba.

Sobretudo, parece que a produção tem desagradado alguns especialistas. O crítico de cinema da BBC Nicholas Barber, por exemplo, não poupou palavras ao descrever o filme como “um caça níquel sem sentido”, em sua resenha, fazendo uma série de críticas polêmicas à trama, aos detalhes técnicos da animação em si e até sobre a real necessidade do projeto.

Curiosamente, a expressão caça níquel utilizada pelo crítico da BBC para se referir ao filme, é a mesma utilizada para designar as máquinas de jogos de azar, tanto as físicas quanto as virtuais, encontradas em cassinos e sites seguros de caça-níqueis online. Essa escolha de palavras é uma crítica sutil à estratégia da Disney de querer lucrar com suas franquias de sucesso, em vez de entregar algo novo ao público.

A trama e suas contradições

Dirigido pelo consagrado – e vencedor do Oscar – Barry Jenkins, de Moonlight, e embalado pelas músicas de Lin-Manuel Miranda, o aclamado compositor de Hamilton, Mufasa: O Rei Leão ambicionava expandir o universo de O Rei Leão. A premissa parece ter sido o primeiro obstáculo. O filme se propõe a contar a história de como Mufasa ascendeu ao poder, sua relação com Scar e os eventos que moldaram sua juventude.

O crítico da BBC argumenta que a narrativa se esforça para responder questionamentos que nunca ninguém fez. A relação de Mufasa com Sarabi, a origem do cajado de Rafiki e como Zazu se tornou amigo do rei são alguns dos pontos questionados na trama. A crítica mais contundente recai sobre a maneira como o filme contradiz elementos estabelecidos na animação original.

Uma origem controversa

A história de Mufasa como um leão que ascendeu ao poder sem linhagem real é apontada como uma mudança desnecessária e que não se encaixa na mitologia de O Rei Leão. Barber observa que no filme original, o ponto central era que Simba seria o sucessor de uma linhagem de monarcas que cuidavam daquele território há várias gerações, e que seu tio Scar, irmão caçula de seu pai, Mufasa, estaria frustrado com sua posição nisso tudo. Ele questiona a decisão da Disney de trocar essa premissa por uma história mais complexa e diferente.

Problemas técnicos e narrativos

Além da trama confusa, o crítico da BBC também tece críticas à qualidade da animação em CGI, descrevendo os animais como nem sempre expressivos e naturais como os do remake de 2019. As músicas de Lin-Manuel Miranda também não escapam das críticas, sendo consideradas inferiores às canções icônicas dos britânicos Tim Rice e Elton John.

O roteiro, descrito como enfadonho e cheio de conversas existenciais tediosas, e a dublagem, que é pior a cada novo longa-metragem, completam o pacote de críticas negativas ao novo filme. Barber afirma que a animação não é o único ponto fraco do segundo filme, uma vez que todos os aspectos do filme são inferiores aos de O Rei Leão para ele.

A lógica do mercado

Diante de tantas críticas, a pergunta que fica é: por que fazer um filme como Mufasa: O Rei Leão? De acordo com o crítico da BBC, a resposta é clara: o CEO da Disney havia anunciado recentemente que o estúdio apostaria mais em sequências e franquias, e não estava brincando.

A crítica levanta a preocupação de que a Disney esteja priorizando o lucro em detrimento da qualidade, explorando seus clássicos de forma desenfreada e entregando produtos sem alma. Concluindo, Barber afirma que este ‘caça níquel sem sentido’ pode ser assistido no Disney+ apenas por super fãs de O Rei Leão, mas que, como muitos prelúdios, ele se esforça demais para responder perguntas irrelevantes.

Nostalgia e decepção

Mufasa: O Rei Leão é mais um exemplo de como a nostalgia pode ser utilizada como ferramenta de marketing, mas nem sempre resulta em um bom filme. Agora que você já conhece a crítica do Nicholas Barber, que tal assistir Mufasa: O Rei Leão e formar sua própria opinião? O filme está disponível nos cinemas e em breve estará no Disney Plus.

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