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O último dia do final de semana do CineOP 2022 contou com um debate sobre questões sufocadas no país. Frequentemente invisibilizadas, ou lidas por linhas tortas, as causas LGBTQIA+, dos negros, dos imigrantes e dos sem-terra foram tema do seminário Direito à Memória Audiovisual. Os embaixadores das temáticas foram, respectivamente, Alessandra Almeida (diretora executiva do Museu da Imigração, SP), Luara Dal Chiavon (coordenadora da Brigada de Audiovisual Eduardo Coutinho, Acervo MST, SP), Lufe Steffen (cineasta e diretor do filme São Paulo em HI-FI, 2013, SP) e Mauricio Lima (ator e performer do Museu dos Meninos, RJ).

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Mediados pela Diretora Técnica da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), Natália de Castro, os participantes discorreram sobre seus trabalhos. Entretanto, o destaque maior ficou por conta de temas ligados ao MST e ao Museu dos Meninos. Em sua fala, Dal Chiavon chamou atenção ao jogar luz sobre e constante desmistificação do movimento dos trabalhadores do campo. Segundo ela, “é importante para os agricultores que estejam sempre prontos para captar imagens ao seu redor“.

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Ela continua: “desde sempre, existiu uma parcialidade da grande mídia para com o MST. Termos como ‘invasão’ e ‘terrorismo’ estão sendo, e continuarão, deixados de lado a partir de nossa própria produção fílmica“. “Pela nossa visão, estamos mudando o modo como as novas gerações nos encaram, mas o caminho ainda é muito longo“, completa Luara.

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Ainda que em tom de desgaste, ou pessimismo, Mauricio Lima emocionou os presentes contando a trajetória do Museu dos Meninos. Mauricio explicou que o objetivo da instituição é “contar as verdadeiras histórias dos moradores da comunidade do Complexo do Alemão“, na capital carioca. Para tanto, contam com um acervo de diversos vídeos-depoimento de jovens com idades entre 15 e 29 anos. “Diferentes gerações refletem o passado, o presente, recriando a favela da nossa infância e projetando a favela do nosso futuro“, disse Mauricio.

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O ator e performer também ressaltou que essa é uma importante arma combater manchetes da imprensa marrom, que notícia as mortes de seus vizinhos sem contar suas verdadeiras histórias. “Geralmente somos vistos como delinquentes. Não importa se trabalhamos, estudamos… morremos na favela e somos marginais, certo? Foi assim que eu sempre vi amigos meus assassinados pela mão da polícia serem titulados no jornal“, completa.

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Durante a noite, foi realizada durante a noite a grande festa junina da CineOP. Com início 18 horas, a popular comemoração dos santos juninos aconteceu no Sesc Cine Lounge Show, no Centro de Convenções de Ouro Preto. Com entrada gratuita, a folia foi abraçada por moradores da cidade e região. Segundo a organização do evento, mais de mil pessoas transitaram entre as atividades. Entre diversas apresentações, se fizeram presentes o DJ David, o grupo Candonguêro de São João e as quadrilhas Pé De Moleque e Xorey Largadu. Barraquinhas de comes e bebes, brincadeiras um show de forró também animaram a galera.

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Vale lembrar que, ao todo, no CineOP, serão exibidos 151 filmes em pré-estreias e mostras temáticas (20 longas, 14 médias e 117 curtas-metragens), vindos de oito países (Brasil, Argentina, Bolívia, EUA, Israel, Peru, Rússia, Uruguai) e de 21 estados brasileiros (AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SP) distribuídos em oito mostras. São elas: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. Entre atividades previstas, 23 debates e rodas de conversa, com a participação de mais de 80 profissionais nacionais e internacionais.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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