O mais recente filme do cineasta Aly Muritiba, Deserto Particular (2021), foi selecionado para a mostra Venice Days, da 78ª edição do Festival de Veneza. Assim sendo, ele terá sua première mundial no consagrado evento italiano em setembro. “É um filme de encontros. Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração, formada depois da Ditadura Militar, enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, todas as minorias, mulheres, indígenas, a comunidade LGBTQIA+, negros, entre outros, passaram a ser sistematicamente perseguidas, e o país se dividiu entre o sul conservador e o norte e nordeste progressista. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor”, explica o cineasta.
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Aly Muritiba define Deserto Particular como um filme sobre “os afetos masculinos no Brasil contemporâneo”. O protagonista é Daniel (Antonio Saboia), policial afastado de suas funções cotidianas depois de ter cometido um erro. Morador de Curitiba, é um sujeito taciturno que cuida diligentemente do pai doente. O único motivo que ele tem para sorrir ultimamente é Sara, mulher que mora no interior da Bahia e com quem se comunica por meio de um aplicativo de celular. Quando essa paixão distante some, Daniel resolve cruzar o país para tentar desvendar esse mistério. Sobre a escolha de Antonio Saboia como protagonista, Aly Muritiba disse: “Eu não o conhecia, mas ele havia ouvido falar do roteiro e me procurou. Depois de algumas ligações nós enfim nos encontramos e o santo bateu. Olhei pra ele e senti a energia de Daniel. Parei pra ouvi-lo e ela tinha a voz que havia imaginado que Daniel tinha”. O filme será lançado no Brasil pela Pandora Filmes, ainda em data a ser confirmada.
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