Enquanto o Festival de Veneza apresenta sua edição presencial em 2020, aplicando diversos protocolos de segurança, uma fala chamou a atenção da imprensa brasileira: o alerta do presidente do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, sobre o desmonte da Cinemateca Brasileira. O diretor e curador está presente no evento italiano, onde filmes com o inédito “selo Cannes” serão apresentados em mostras paralelas.
Durante uma entrevista coletiva, diante dos diretores dos sete maiores festivais de cinema do mundo, ele declarou: “Quero expressar meu apoio à Cinemateca Brasileira, ameaçada pelo atual governo”. Tanto o Festival de Cannes quanto a Cinemateca Francesa figuram entre mais de cem instituições internacionais que assinaram uma carta aberta, denunciando aos setores audiovisuais do mundo inteiro a política de desmonte cultural praticada pelo governo Jair Bolsonaro.
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Após ameaçar o cinema brasileiro de censura, interromper editais destinados ao cinema e impedir a liberação de verbas aos filmes pré-aprovados em editais das gestões anteriores, o atual governo impediu o repasse de aproximadamente R$ 13 milhões à Cinemateca Brasileira desde 2019. Consequentemente, todas as atividades foram encerradas e as portas se fecharam, enquanto os funcionários foram demitidos sem receberem os devidos direitos trabalhistas.
Além disso, o novo Secretário da Cultura, Mário Frias, se apossou das chaves da Cinemateca, auxiliado por forças policiais, anunciando uma transferência do acervo e da gestão a Brasília. O acordo fere qualquer princípio de gestão firmado em contrato, visto que o estatuto da Cinemateca prevê uma direção independente das flutuações de sucessivos governos, além de instituir que a sede deve permanecer em São Paulo.
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