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Na última terça-feira, o mercado exibidor foi pego de surpresa com a notícia de que a Disney havia decidido retirar dos cinemas um dos principais lançamentos do ano: Mulan (2020), adaptação em live-action da animação de 1998. O filme era considerado uma das principais esperanças das salas de cinema para alavancar as bilheterias durante o processo de reabertura.

Agora, o filme será divulgado através da plataforma Disney+ por um preço superior àquele dos ingressos médios de cinema: US$ 29,99 em locais como os Estados Unidos e o Reino Unido. Trata-se do controverso Premium Video on Demand (PVoD), estratégia de lançamento de primeiro em casa, para só então exibir o filme nas salas de cinema, quando parte significativa do público já terá assistido à obra.

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Mulan

 

A Disney pediu desculpas aos exibidores, argumentando que a decisão “não foi tomada sem reflexão”. “Como a Covid-19 interrompeu parte significativa dos meios de exibição, e as regiões atravessam situações muito diferentes neste momento, e depois de atrasar o lançamento mundial diversas vezes, vamos adotar uma abordagem específica para esta estreia”, comunicou a empresa.

De fato, os grandes produtores têm obtido resultados expressivos com o lançamento em PVoD, a exemplo de Trolls 2 (2020) e Scooby! O Filme (2020), cujos números ultrapassaram as expectativas. Em tempos de reabertura apenas parcial dos cinemas, com diversas restrições (incluindo lotação restrita para evitar a aglomeração), as majors estão considerando mais seguro investir num grande lançamento em versão caseira.

No entanto, o mercado tem reagido negativamente à decisão, que representa um novo golpe à recuperação econômica das salas de cinema. “A decisão de não dar aos cinemas a oportunidade de exibir o filme (mesmo que fosse exatamente simultaneamente com a Disney+) é francamente desconcertante, e conversaremos com a Disney a respeito”, prometeu Phil Clapp, diretor executivo da UK Cinema Association.

Outro exibidor acredita que a decisão da Disney foi motivada pelo “medo de os cinemas se recusarem a exibir o filme” junto do lançamento em streaming, segundo relato do Hollywood Reporter. O profissional, que preferiu não ser identificado, precisou: “Se a Disney acredita que não precisa mais dos cinemas, este será o fim para todos nós”.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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