A discussão sobre representatividade social nas telas está se tornando cada vez mais complexa – ainda bem. Antes, era raríssimo testemunhar personagens brancos e não-heterossexuais nos papéis de destaque em Hollywood. A situação está mudando, aos poucos, de modo que os grupos minoritários exigem não apenas a representação em telas, mas uma imagem adequada e respeitosa de suas comunidades.
O musical Em um Bairro de Nova York (2021), baseado no espetáculo teatral homônimo de autoria de Lin-Manuel Miranda (Hamilton, 2020), foi concebido como uma grande celebração das comunidades latinas nos Estados Unidos, em sua diversidade cultural e de gênero. No entanto, um grupo importante está praticamente ausente da trama: os afro-latinos, ou seja, os cidadãos latinos negros que constituem uma parte essencial de Washington Heights, em Manhattan. Nos últimos dias, o filme tem despertado críticas por whitewashing, ou branqueamento social, e por colorismo (ou seja, apenas incluir pessoas negras contanto de peles mais claras).
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A atitude dos criadores tem sido de acolher as críticas com respeito, pedindo desculpas pelo retrato parcial da comunidade. Em suas redes sociais, Lin-Manuel Miranda afirma: “Estou vendo a discussão sobre representação afro-latina no nosso filme, e está claro que a comunidade afro-latina de pele escura não se sente representada, particularmente nos papéis principais. Compreendo a dor e a frustração com o colorismo. […] Peço desculpas. Estou aprendendo com estas respostas, agradeço pelo retorno, e escuto vocês. […] Prometo melhorar em meus próximos projetos”.
O diretor Jon M. Chu (de Podres de Ricos, 2018) adotou um raciocínio semelhante, ainda que insinue uma questionável falta de pessoas negras qualificadas para os papéis principais: “Eu acho que este é um tema sobre o qual conversamos, e que ainda precisamos aprender muito, sem dúvida. No final, quando pensamos no elenco, tentamos encontrar as melhores pessoas para os papéis. Estou atento ao que dizem sobre preencher o elenco com negros mais escuros. Acredito que esta seja uma boa conversa, e penso que devemos todos discutir a respeito”.
Segundo a crítica do Papo de Cinema, Lin-Manuel Miranda “tem outras preocupações mais urgentes para discutir. A mais evidente é a desvalorização do sentimento de comunidade e a selvageria da especulação imobiliária, que expulsa os antigos proprietários em prol de novos moradores”. Leia na íntegra o texto de Robledo Milani.
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