Nesta segunda-feira, 01, o Cinema23, entidade mexicana responsável pela organização do Prêmio Fênix, um dos principais reconhecimentos do cinema ibero-americano, anunciou que a premiação está cancelada por tempo indeterminado em virtude das novas políticas públicas que o inviabilizam. A associação colocou a própria continuidade em xeque. “Desde a primeira edição, em 2014, os Prêmios Fênix receberam apoio do governo da Cidade do México e da sua Secretaria de Cultura, da Câmara dos Deputados do Congresso da União, da Secretaria de Cultura do Governo Federal e do Teatro Esperança Íris, recinto que foi a casa dos Prêmios Fênix. Além disso, contamos com vários patrocínios privados. O apoio governamental se manteve até a 5ª edição em 2018 – pelo qual seremos eternamente gratos – mas, infelizmente, não obtivemos resposta da nova administração, apesar das diversas tentativas de aproximação. As políticas públicas e culturais mudaram radicalmente ao não permitir que as associações civis tenham acesso a recursos públicos. Por outro lado, a viabilidade do projeto de forma unicamente comercial através de patrocínios é impossível. É necessária a participação, e a continuidade, do Estado para a realização de uma iniciativa desta envergadura”, consta na carta enviada à imprensa.
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“Consideramos que a falta de apoio por parte do governo aos Prêmios Fênix e as diversas estratégias de promoção, difusão e visibilidade do Cinema23 interrompem a oportunidade de dar continuidade não só a um investimento prévio por parte do Estado, mas também a um projeto sólido, necessário e de enorme potencial criado pelos profissionais de cinema com a finalidade de instituir um mercado comum regional que compartilhe histórias, realidades e experiências que ultrapassem nossas fronteiras, e que reúna seus pares da região para assim nos conhecermos e nos reconhecermos mais como povos e sociedades diversas e plurais, sem uma referência hegemônica que determine a oferta cultural audiovisual”, segue a missiva.
Mudanças de governo tendem a colocar os setores culturais inicialmente em estado de alerta, vide o que vem acontecendo também no Brasil, com frequentes notícias de enxugamento federal dos incentivos fiscais e monetários às atividades culturais – Petrobrás e BNDES, contumazes fomentadores do setor, não mais investirão nele – mesmo, por exemplo, o audiovisual sendo uma poderosa indústria que gera empregos e impostos como poucas, dando comprovada lucratividade. Recentemente, o Tribunal de Contas da União suspendeu momentaneamente o repasse de verbas públicas à área, deixando profissionais e empresas num clima de instabilidade e incerteza. Lá (no México) como cá, não há garantia de continuidade de projetos que vinham comprovadamente gerando bons frutos.
(Fonte: Cinema23)