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Após a queda de Roberto Alvim por uma chocante citação ao nazismo, Jair Bolsonaro não demorou para encontrar uma substituta para a pauta da Cultura no governo. Regina Duarte, atriz alinhada ao presidente, aceitou o convite para uma “fase de teste” à frente do cargo, para ver se permanece na direção do setor cultural do governo. Nas palavras da atriz, “estamos noivando”.

Historicamente, Duarte se define como “conservadora”. Famosa pelo engajamento político contra Lula (ela entoou a frase “Eu estou com medo” em campanha pró-FHC), demonstrou apreço por Bolsonaro desde o início da campanha presidencial, dizendo se tratar de “um homem doce” cuja homofobia seria “da boca para fora”. Ela apoiou o corte de verbas na Cultura e se declarou contrária ao feminismo.

Por estes motivos, a reação de diretores, críticos e produtores de cinema não foi muito positiva à provável entrada de Regina Duarte no governo. Kleber Mendonça Filho, diretor de Bacurau (2019), publicou a frase “O caos reina”, retirada do Anticristo (2009) de Lars von Trier, junto de uma foto da atriz. O crítico de cinema Pablo Villaça considerou absurda a possibilidade de um “período de testes” para o cargo, algo inédito numa função de tamanha importância. De acordo com o autor, isso seria sintoma do despreparo tanto da atriz quanto do presidente para lidarem com a Cultura.

 

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A atriz Mariana Lima questionou a escolha: “Não entendo uma pessoa como a Regina, o Vereza e outros artistas se alinharem com esse governo ultraconservador. Não entendo você estar do lado daqueles que estão fazendo de tudo para acabar com a arte, a imprensa, o pensamento, a universidade pública, as conquistas democráticas, as instituições democráticas, os direitos humanos, a nossa liberdade de expressão”. José Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina, também não se mostra otimista: “Como a Regina concorda com esse regime tosco e perigoso, […] ela terá de acabar se submetendo a essa corja”.

Personagens da cultura alinhados à direita comemoraram a escolha de Regina Duarte, acreditando que os danos seriam ainda maiores com alguma liderança evangélica: “Acho que na situação de desmonte total da cultura que estamos vivendo, ter Regina Duarte pode ajudar. Ela é de direita, mas não é nazista: redução de danos”, sugeriu Paula Lavigne. Maitê Proença, que participou com Duarte de manifestações a favor do golpe contra Dilma, festejou: Regina não é perversa nem cínica, nem nazista. Dentro do cenário que vivemos, ela é a melhor das possibilidades”.

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