Como surgiu a ideia de um festival de cinema brasileiro na China?
Eu já trabalhava com festivais de cinema em Londres, onde vivi por quase oito anos. Assim que cheguei, tinha planos de tentar o mesmo na China, mas não tinha ideia do que me esperava. Procurei a Embaixada por apoio e acabei me envolvendo com uma mostra menor em outra província chinesa, antes de me aventurar em Beijing. Em 2010 conheci uma brasileira, a Vanessa Mastrocessario, que havia trabalhado em Milão na organização de uma mostra de cinema brasileiro e começamos a conversar com outros estrangeiros sobre as dificuldades de se organizar eventos com ou sem aprovação do governo chinês. A Vanessa acabou produzindo a primeira edição do festival em 2010 pela Brapeq, a organização que dá nome ao festival, e que se concentra na promoção de eventos culturais, além de oferecer apoio aos brasileiros residentes na China. Na abertura da primeira edição ela me convidou pra dar uma palestra sobre cinema brasileiro contemporâneo, e a partir daí juntamos forças. Trabalhamos juntas até 2012 e hoje ainda trocamos figurinhas, ela acompanha de longe, do sul da Itália, onde vive atualmente.
Quais os principais destaques das edições anteriores?
Acredito que os eventos paralelos foram os maiores destaques do festival. Conseguimos levar André Klotzel, André Abujamra, Breno Silveira e alguns produtores que tiveram a oportunidade de conversar com o público após as sessões. Organizamos shows de André Abujamra dentro e fora dos cinemas nas duas cidades. A partir de 2011 nós montamos um júri de profissionais do cinema chinês – diretores, roteiristas, críticos, distribuidores e produtores – que escolhem o melhor filme. Esse contato com os jurados é muito importante pro evento, aprendemos a entender a forma como eles percebem o nosso cinema.
O que o público chinês espera encontrar no cinema brasileiro?
Os chineses conhecem bem pouco do Brasil, mas o que nos instiga como produtores é a curiosidade que eles têm sobre o nosso país. Esse intercâmbio é essencial para duas nações que mantêm estreitas relações comerciais, mas não se conhecem. Ainda luto pra evitar o filme favela e certos estereótipos. A programação tenta englobar produções fora do eixo Rio-SP e de diferentes temáticas, mas como eles conhecem poucos filmes brasileiros, tudo parece novidade.
Quais as expectativas para essa quinta edição?
Estamos todos muito entusiasmados com a ida da Alice Braga à Beijing. Alice vai apresentar o longa Latitudes (2014), ao lado de Felipe Braga, o diretor. Estamos preparando eventos especiais pra discutir produção de conteúdo digital em múltiplas plataformas com profissionais da indústria de entretenimento da China. Além disso, Alice vai falar da carreira após Cidade de Deus (2002), e ainda apresentar a série que ela mesma dirigiu sobre o jogador Neymar.
Para saber mais detalhes sobre o BRAPEQ: Brazil Film Festival, acesse o site oficial!
(Fonte: F&M Procultura Assessoria de Imprensa)