Rafiki é o primeiro filme queniano exibido no Festival de Cannes, na mostra Um Certo Olhar. Embora ganhe os holofotes da Croisette, o longa-metragem da cineasta Wanuri Kahiu, que trata do amor entre duas mulheres, teve proibida sua exibição no Quênia pelo Conselho de Classificação Cinematográfica. O órgão se amparou numa lei dos tempos coloniais que prevê punição de até 14 anos de prisão para quem for pego fazendo sexo homossexual.
A porta-voz do conselho, Nelly Muluka, se manifestou no Twitter: “Nossa cultura e leis reconhecem a família como a unidade básica da sociedade. O conselho não pode, portanto, permitir que conteúdo lésbico seja acessado por crianças no Quênia”.
Wanuri Kahiu disse ser incongruente a decisão, primeiro, porque os quenianos têm acesso a filmes internacionais de temática LGBTQ na Netflix e nas salas de exibição, e, segundo, por interditar algo que fala sobre um traço social.
Já em Cannes, Kahiu disse à Reuters: “Há um ditado que diz que, quando você proíbe algo, torna-o mais popular, mas acho que a verdade é que estamos decepcionados. Fizemos este filme para uma plateia queniana, com quenianos nele. Então as pessoas que fizeram o filme e a plateia para a qual ele foi feito não poderão vê-lo, e isso é trágico. Ninguém mais entenderá a linguagem e as nuances e a vizinhança da mesma forma que uma plateia queniana”.
(Fonte: Redação PdC)