Os festivais de cinema vão voltar ao normal em 2021? A Berlinale aposta que sim. O tradicional evento alemão, um dos poucos a conseguir realizar sua edição 2020 de maneira presencial em fevereiro, poucas semanas antes de a pandemia de coronavírus chegar ao país, declarou que sua próxima edição ocorre com sessões tradicionais, nas salas de cinema.
A decisão surpreende, visto que o Festival de Sundance, organizado no fim de janeiro, já decidiu pelo formato misto de sessões presenciais com filmes e eventos online. A organização de Berlim está certamente apostando na descoberta da vacina contra o vírus, ou então no controle rígido da doença até o início do próximo ano. Mesmo assim, explicou em comunicado à imprensa que o número de filmes e de convidados pode mudar, sofrendo possíveis reduções de acordo com a evolução da doença. O mercado cinematográfico será o único a incluir alguma forma parcial de suporte online na organização, porém as exibições serão 100% presenciais.
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“Festivais e mercados são locais de encontro e comunicação. Isso se aplica tanto ao público quanto à indústria. Vemos um papel importante e único dos festivais em sua relação intensa com os espectadores. Em tempos de pandemia de coronavírus, tem se tornado ainda mais claro que precisamos de experiência em espaços analógicos dentro do setor cultural”, declaram os dois diretores artísticos, Mariette Rissenbeck e Carlo Chatrian. “Estamos felizes que os festivais estejam retomando progressivamente as plateias presenciais ao redor do mundo, e desejamos aos nossos colegas muito sucesso”.
A Berlinale 2021 tomou outras importantes decisões para a edição 2021, sendo um dos primeiros grandes festivais a banir a separação de gêneros para as premiações. Ao invés dos prêmios de “melhor ator” e “melhor atriz”, criticados pela comunidade LGBTQI+ devido à visão binária das identidades humanas, serão adotados os prêmios de “melhor atuação principal” e “melhor atuação coadjuvante”, dentro das quais qualquer gênero pode ser incluído.
O festival tem se afirmado como um dos principais a lutar pela representatividade feminina, negra, LGBTQI+ e indígena. Além de chegar a 40% da seleção dirigida por mulheres, Berlim tem uma diretora artística mulher na mostra competitiva principal, além de mulheres à frente de todas as mostras paralelas. Além disso, a preocupação humanitária fez com que o festival abandonasse em 2020 o tradicional prêmio Alfred Bauer, quando foi descoberta a relação entre Bauer e o regime nazista.
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