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Depois de idas e vindas, com direito a ameaça de não realização, o Festival de Brasília tem sua versão 2020 confirmada. Nesta terça-feira, 24, foram divulgados os 30 filmes que farão parte da 53ª edição desse que é o evento cinematográfico mais longevo do Brasil. Todavia, a classe cinematográfica não demorou para questionar os procedimentos pouco transparentes da comissão de seleção encabeçada pelo cineasta Silvio Tendler. Os alvos das críticas negativas nem foram os filmes, mas justamente a obscuridade dos mecanismos curatoriais, uma vez que, de acordo com o release oficial divulgado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, os 698 inscritos foram avaliados em duas semanas, um esforço hercúleo e praticamente intransponível – se observados os protocolos minimamente criteriosos de avaliação – mesmo para os 13 membros da equipe formada.

Outra coisa incomum foi a divulgação das notas atribuídas aos selecionados, (que pode ser conferida aqui). Não se trata realmente de um procedimento ortodoxo esse de externar publicamente a pontuação dada aos candidatos, pois isso implica em: 1) um processo de burocratização que nubla os princípios artísticos da curadoria; 2) uma noção de mérito escalonado, pois o próprio festival já estabeleceu critérios manifestados publicamente de que uns exemplares seriam melhores que os outros. São ruídos que acompanham o Festival de Brasília desde 2019, quando houve uma mudança radical na orientação. No ano passado, por exemplo, um dos curadores estava realizando cobertura do evento para veículos de imprensa. Essa soma contesta o bom caminho trilhado pelo evento nos anos anteriores.

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“Temos um recorte sincero de um Brasil que faz cinema com muita bravura, diante das adversidades impostas ao setor pelo desmonte da cultura em âmbito nacional. Foram quase 700 filmes que se apresentaram às comissões de Seleção do Festival de Brasília. Isso demostra uma produtividade intensa num momento de crise. O Brasil por meio do cinema quer mostrar sua verdadeira cara, e o Festival de Brasília será sua vitrine”, aponta o cineasta Silvio Tendler. Presidente da comissão de seleção de longas, o cineasta André Luiz Oliveira também comentou o trabalho: “Vivemos esse momento difícil tanto por conta da pandemia, quanto pela situação do audiovisual brasileiro que, a partir do atual governo federal, praticamente se encontra na UTI, com projetos estacionados. Não existe mais recurso, não existe mais política de audiovisual, estamos em processo de destruição e renascimento, porque o cinema brasileiro já renasceu várias vezes e não é dessa vez que ele vai ser destruído”, aponta. O 53º Festival de Brasília vai acontecer de modo online, transmitido entre os dias 15 e 20 de dezembro pelo Canal Brasil e o serviço de streaming Play Brasil. Confira a lista dos selecionados abaixo:

 

LONGAS-METRAGENS – NACIONAL
Espero Que Esta Te Encontre e Que Esteja Bem, de Natara Ney
Por Onde anda Makunaíma?, de Rodrigo Séllos
A Luz de Mario Carneiro, de Betse de Paula
Longe do Paraíso, de Orlando Senna
Entre Nós Talvez Estejam Multidões,
de Aiano Bemfica, Pedro Maia de Brito
Ivan, o TerríVel, de Mario Abbade

 

CURTAS-METRAGENS – NACIONAL
À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente, de Bruna Barros, Bruna Castro
Distopia
, de Lilih Curi
A Morte Branca do Feiticeiro Negro
, de Rodrigo Ribeiro
Mãtãnãg, A Encantadora
, de Shawara Maxakali, Charles Bicalho
Ouro Para o Bem do Brasil
, de Gregory Baltz
República, de Grace Passô
Vitória
, de Ricardo Alves Jr.
A Tradicional Família Brasileira KATU
, de Rodrigo Sena
Pausa Para o Café, de Tamiris Tertuliano
Quanto Pesa
, de Breno Nina
Guardião dos Caminhos
, de Milena Manfredini
Inabitável
, de Matheus Faria, Enock Carvalho

 

LONGAS – MOSTRA BRASÍLIA
O Mergulho na Piscina Vazia, de Edson Fogaça
Cadê Edson?, de Dácia Ibiapina
Candango: Memórias do Festival, de Lino Meirelles
Utopia e Distopia, de Jorge Bodanzky

 

CURTAS – MOSTRA BRASÍLIA
Algoritmo, de Thiago Foresti
Questão de Bom Senso, de Péterson Paim
Do Outro Lado, de David Murad
Rosas do Asfalto, de Daiane Cortes
Eric, de Letícia Castanheira
Brasília 60 + 60: Do Sonho ao Futuro, de Raquel Piantino
Delfini Brasília, Olhar Operário, de Maria do Socorro Madeira
Curumins, de Pablo Ravi

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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