Festival de Brasília 2020 :: Entidades repudiam seleção de organizadora do evento

Publicado por
Marcelo Müller

Como se novela pouca fosse bobagem, mais uma ganha capítulos dramáticos. Ventilou-se que o Festival de Cinema de Brasília, um dos mais tradicionais do Brasil, não seria organizado em 2020 por conta da falta de verbas. Muita gritaria depois, o governo do Distrito Federal voltou atrás, dizendo que a realização do evento estava garantida. Agora, entidades representativas do audiovisual da capital federal divulgaram uma carta aberta denunciando o resultado do processo de seleção da OSC (Organização da Sociedade Civil) encarregada de realizar a 53ª edição. Os reclamantes pontuam desde a contrariedade quanto à plataforma digital no qual o festival aconteceria, passando pela inexperiência da selecionada via chamamento público (Eu Ligo) e chegando a outras supostas improbidades. Diante desse cenário, os curadores do evento, Sara Rocha e Sérgio Moriconi, pediram desligamento do mesmo.

LEIA MAIS
Festival Curta Brasília 2020 abre inscrições para edição online
Governo Federal não poderá transferir Cinemateca Brasileira para Brasília
Governo do DF garante a realização do Festival de Brasília 2020

Abaixo, um resumo da carta divulgada pelas entidades, cuja sequência enumera 12 pontos considerados problemáticos para que a Eu Ligo organize o 53º Festival de Brasília.

 

 

CARTA ABERTA CHAMAMENTO PÚBLICO REALIZAÇÃO DO 53o FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

As entidades abaixo assinadas, vem através desta carta DENUNCIAR o obscuro processo de seleção para escolha da Organização da Sociedade Civil que irá realizar o 53o FBCB.

Esse processo inicia com uma insistência injustificável por parte da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa em impor a realização de Cine Drive In em plena época de chuvas no DF: apesar de diversos alertas, a obrigação foi mantida. Para a seleção se apresentaram quatro entidades, sendo três com experiência em CINEMA e uma quarta sem NENHUMA experiência em festivais de cinema, propondo um Coordenador Geral e 90% da ficha-técnica que jamais trabalharam na área.

Não fosse o bastante grave entregar nosso produto cultural mais importante, tombado como Patrimônio Imaterial do DF, a uma empresa que jamais realizou um festival de cinema pequeno sequer, ao analisar o projeto “vencedor” constatamos que este DESCUMPRIU DOZE REQUISITOS MÍNIMOS contidos no Edital, e que nesse mesmo Edital previra com DESCLASSIFICAÇÃO o não-cumprimento destes itens. Alertada através de recursos que havia ignorado as faltas graves cometidas pela OSC vencedora, a SECEC mais uma vez ignorou, ratificando o resultado de forma não apenas suspeita como ilegal.

Não obstante a flagrante ilegalidade, nota-se dentro do projeto que mais de 20% dos valores a serem contratados junto a SECEC, R$ 320.000,00, estão previstos para serem repassados à DRIVE IN no qual o Coordenador Geral do projeto é sócio e que na chuva devem exibir filmes do Festival.

Diante de tal flagrante nulidade de um processo eivado de vícios e ilegalidades, nós vimos através desta denunciar esse processo que ameaça nosso Festival, além de solicitar que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal e a Câmara Legislativa tomem providências no sentido de SUSPENDER e em seguida, constatadas as irregularidades, ANULAR o certame, bem como responsabilizar os agentes públicos envolvidos.

Somente dessa forma será possível preservar o erário público e o FBCB, que não merece ser manobrado com interesses obscuros, dada a importância que esse gigante tem para nossa cidade e para todo o cinema brasileiro. Requisitos Mínimos não cumpridos pelo projeto da OSC vencedora Eu Ligo.

ASSINAM:

APAN
APROCINE
ASPEC – DF
CONVERGÊNCIA AUDIOVISUAL
DF + Docs
FAÍSCA
MOVIELAS

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.