No Festival de Cannes, Sand Van Roy, atriz que processou o cineasta Luc Besson por estupro em 2018, fez questão de fazer um protesto antes da exibição de Cidadão Klein (1976), sessão especial em homenagem a Alain Delon, ator que recebera a Palma de Ouro honorária na edição deste ano. Ela apareceu no tapete vermelho com uma grande tatuagem temporária nas costas com a mensagem “parem a violência contra as mulheres” (em tradução livre) e o símbolo do movimento #MeToo. Em breve entrevista à Variety, Van Roy disse que seu protesto se fazia necessário porque a indústria do entretenimento utiliza a arte como desculpa para “se colocar acima da lei”. Ela acrescentou que “ser indiferente ou lavar as mãos é ser cúmplice disso”. Van Roy, que trabalhou com Luc Besson em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017), acusou o cineasta de estupro, mas o inquérito foi arquivado por falta de provas.
LEIA MAIS
Atriz acusa Luc Besson de estupro
Felicity Huffman e Lori Loughlin são acusadas de fraude nos Estados Unidos
Rede Globo apura denúncias de assédio sexual contra Caio Blat
Dada a ocasião, a atriz estava se referindo, inclusive, aos recentes comentários do próprio Alain Delon, o homenageado da noite, de que ele esbofeteou algumas de suas mulheres durante relacionamentos amorosos. Embora Delon nunca tenha sido publicamente acusado de violência doméstica, a decisão do Festival de Cannes de celebrá-lo foi duramente criticada por entidades defensoras dos direitos femininos, como a Osez le Feminisme, da França, e a Women and Hollywood, nos Estados Unidos. Isso se intensificou, especialmente, após ele se opor publicamente à adoção de crianças por pais do mesmo sexo e demonstrar simpatia por políticos de extrema-direita.
No primeiro dia do festival, perguntado sobre a polêmica, o diretor geral do festival, Thierry Frémaux, minimizou as reações dizendo que “(Cannes) não está dando a Alain Delon o Prêmio Nobel da Paz”.