O Festival de Veneza é o primeiro dos grandes eventos cinematográficos que está acontecendo de modo presencial após a classificação da disseminação da Covid-19 como uma pandemia. Alguns acham a decisão absurda, outros a compreendem como uma necessidade de reafirmar a experiência coletiva do cinema. O fechamento forçado das salas mundo afora abriu terreno para o streaming, aparentemente acirrando uma disputa por mercado – como se os mesmos se tratassem da mesma coisa, mas isso fica para uma outra hora. Nesta quarta-feira, 02, o diretor do Festival de Veneza, Albert Barbera, disse que defender os cinemas é de extrema importância. “Devemos apoiar os cinemas. Veneza foi acusada no passado de abrir espaço à Netflix, aceitar seus filmes em competição anos atrás, quando o streaming ainda era considerado um inimigo da produção de cinema… Hoje, durante o bloqueio , os streamers adquiriram uma importância fundamental”.
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“Há muitos aspectos a serem discutidos, diferentes do que temos discutido nos últimos anos. Corremos o risco de ter uma redução do papel dos cinemas, o que seria prejudicial. A experiência nas salas é a própria natureza da indústria cinematográfica, por isso temos de lutar e apoiar o setor. Esta é uma batalha pela civilização e pela cultura”, completou Barbera. Outro que se manifestou nesse tom foi Pedro Almodóvar. De passagem pelo Lido, fora de competição, com seu mais novo filme, The Human Voice (2020), ele citou que voltar aos cinemas tem de ser visto como uma espécie de antídoto: “As empresas descobriram que é mais barato se as pessoas trabalharem em casa. Eu me oporia a essa reclusão forçada com outra coisa, pois não gostaria que essa prisão continuasse no futuro. O antídoto é o cinema. O bloqueio nos obrigou a ficar em casa e nos provou muitas coisas, entre elas o quanto somos dependentes da ficção. Você tem de dizer às pessoas para irem aos cinema e teatros, porque algumas coisas só serão descobertas nesses ambientes, ao compartilhar uma experiência com pessoas que não conhecemos”.
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