Festival de Veneza 2023 :: Woody Allen volta a falar de aposentadoria e cultura do cancelamento

Publicado por
Marcelo Müller

De passagem pelo festival de Veneza com seu mais novo filme, Coup de Chance (2023), Woody Allen voltou a falar da cultura do cancelamento e de aposentadoria. Numa entrevista concedida com exclusividade à revista norte-americana Variety depois da apresentação desse seu mais novo trabalho, o cineasta norte-americano afirmou que não mudou muito depois que ele foi “cancelado”: “Sinto que se você for cancelado, esta é a cultura pela qual você deve ser cancelado. Simplesmente acho isso tudo tão bobo. Não penso nisso. Não sei o que significa ser cancelado. Sei que ao longo dos anos tudo tem sido igual para mim. Faço meus filmes. O que mudou foi a apresentação dos filmes. A rotina continua a mesma para mim. Escrevo o roteiro, angario o dinheiro, faço o filme, gravo, edito, ele é lançado. A diferença não é da cultura do cancelamento. A diferença é a forma como apresentam os filmes. É essa a grande mudança”(…) Já fiz 50 filmes. Sempre tive papéis muito bons para mulheres, sempre tive mulheres na equipe, sempre paguei a elas exatamente a mesma quantia que pagávamos aos homens, trabalhei com centenas de atrizes e nunca, jamais tive uma única reclamação de nenhuma delas em nenhum momento”.

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Em outro momento importante da entrevista, Woody Allen afirmou novamente que continua considerando terminar sua carreira, agora que está prestes a completar 88 anos (em novembro deste ano). “Este é meu 50º filme e tenho de decidir se quero fazer mais filmes. Há duas coisas em que pensei. Uma delas: é sempre uma grande dor de cabeça arrecadar dinheiro para um filme. Quero passar por isso? Fazer o filme é uma coisa, mas arrecadar dinheiro para isso, você sabe, é tedioso e nada glamoroso. E agora, se alguém sair das sombras e disser: ‘Vou te dar dinheiro para fazer seu filme’, isso seria um fator influente na realização de outro filme. E a outra coisa é para onde os filmes foram. Não gosto da ideia – e não conheço nenhum diretor que goste – de fazer um filme e depois de duas semanas ele estar na televisão ou no streaming”. 

Foto/Getty Images

Em Coup de Chance, Fanny e Jean têm tudo o que se espera de um casal ideal: ambos são realizados na vida profissional, moram num magnífico apartamento nos belos bairros de Paris e parecem estar apaixonados como no dia em que se conheceram. Porém, quando Fanny cruza por acaso com Alain, um ex-colega dos tempos de escola, ela aparentemente se transforma. A partir daí, os dois reencontram frequentemente e se aproximam cada vez mais, até que acontece um crime. O filme ainda não tem data de lançamento previsto no Brasil.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.