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O Festival de Gotemburgo, na Suécia, está prestes a organizar algo mais próximo de um experimento sociológico do que um festival de cinema tradicional. Para sua edição 2021, os organizadores decidiram efetuar um processo de seleção para escolher um único cinéfilo, que será levado à ilha deserta de Pater Noster (imagem acima), onde terá acesso aos filmes da competição oficial. As sessões ocorrem num cinema improvisado no farol local, onde hoje existe um hotel de luxo.

“Você terá tudo de que precisa: ótima comida, ótima bebida, uma boa cama. Não é uma questão de sobrevivência”, explica Jonas Holmberg, diretor artístico do evento. “Mas você não pode levar nada com você: celular, computador, nem um livro. Você pode assistir às ondas, e você pode assistir aos filmes. [Os candidatos] precisam ser cinéfilos. Eles precisam concordar em gravar um videoblog diário sobre o experimento, e precisam estar emocionalmente e psicologicamente preparados para passar uma semana neste tipo de isolamento”.

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O espectador poderá escolher os filmes que deseja ver, na ordem de sua preferência, entre os 60 títulos disponíveis. Após a primeira triagem, os pré-selecionados passarão por entrevistas individuais com os organizadores antes da escolha final. De acordo com Holmberg, esta edição especial visa refletir sobre a situação que vivemos: “Percebemos que novos tipos de filmes ecoam durante o período de quarentena, e filmes adquirem um novo significado. Uma cena onde pessoas abraçam um desconhecido parece muito diferente no momento em que o espectador não pode fazer o mesmo”.

Em paralelo, o Festival de Gotemburgo realizará sessões igualmente provocadoras tanto no cinema Draken, com capacidade para 707 pessoas, quanto no maior estádio de hóquei da cidade, com capacidade para 12.000 pessoas. Estes serão os palcos de estreias de gala para uma única pessoa. Eles terão exibições privadas em presença do diretor e equipe, de acordo com as possibilidades de viagem de cada artista, para a apresentação dos filmes.

“Será uma experiência estranha, fazer uma sessão de gala para uma única pessoa, mas isso também faz parte do novo mundo em que vivemos, quando estes lugares famosos por estarem sempre lotados de pessoas, e cheios de vida, se encontram vazios de repente”, conclui o organizador.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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