O mundo ainda atravessa um mar de incertezas por conta da pandemia do Covid-19. Embora haja um princípio de movimento para reabrir as salas de cinema, de fato não sabemos se isso será possível a curto prazo. Então, o streaming e o VoD têm desempenhado uma função essencial para, inclusive, amenizar a angústia frete a essa realidade. E, diante desse panorama, a Filme Filme tem se destacado por duas questões essenciais: a vastidão/ qualidade do seu catálogo e o modelo de negócio que valoriza o seu rico dinheirinho. Na Filme Filme você paga apenas por aquilo que consome. Não é demais? No que diz respeito à oferta, há a preocupação de ser o mais criterioso e plural possível. Tanto que já virou de praxe aqui no Papo de Cinema a gente anunciar todas as quintas-feiras os exemplares disponibilizados nas seções Festivais (com o fino do que é exibido em eventos do setor), Documentários (o próprio nome já diz) e Populares (aqueles que calaram fundo nos espectadores). Então, sem mais delongas, vamos ao que interessa. Confira os três filmes que chegam hoje ao catálogo da Filme Filme.
Não Mexa com Ela, de Michal Aviad
“Aí o filme de Michal Aviad – que assumiu a direção e o roteiro – se mostra alinhado a ativismos como o #MeToo, que vem tomando conta dos debates públicos nas nações ocidentais, porém optando por outros caminhos. Orna não irá fazer uma denúncia. Entende que um escândalo, naquele momento, não fará bem a ninguém. Está grata pela função que desempenha, e se reconhece afortunada por desfrutar de uma posição de prestígio e confiança enquanto mulher que trabalha – aliás, esse é o nome que o longa recebeu internacionalmente, ‘Working Woman’. Além do mais, se fala aqui de uma realidade distinta daquela vista nesse lado do planeta. Por mais que a ação se passe em Israel, país que anseia diariamente por se espelhar nos modelos de comportamento capitalistas, não se pode ignorar o fato de estar localizado em pleno Oriente Médio”. Confira a nossa crítica completa.
EXCLUSIVO :: Entrevista com o diretor Michal Aviad
Hilda Hilst Pede Contato, de Gabriela Greeb
“É uma realização em constante crise, principalmente pela dificuldade de Gabriela Greeb para seguir o fluxo de informações que ela própria ressalta ao longo das explanações. Mantendo-se excessivamente aferrada à concepção solene, ela subaproveita, por exemplo, a complexidade que os convivas relembram à mesa, num banquete regado a vinho em homenagem à falecida, com a qual, de certa forma, mantém vínculo através da memória. Eles celebram o bom humor de Hilda, sua capacidade de falar determinadas coisas para quebrar a pompa de um círculo naturalmente empolado. Filmagens do passado, ou seja, novamente reminiscências que promovem esse “contato”, mostram a escritora fazendo gestos obscenos com um sorriso estampado, o que corrobora a descrição dos vivos”. Confira a nossa crítica completa.
Big Jato, de Cláudio Assis
“Está nas presenças de Matheus Nachtergale (principalmente) e de Marcélia Cartaxo (em menor escala) o maior mérito de Big Jato. Nachtergale consegue construir dois homens próximos e distantes, nos quais acreditamos em seus conflitos, antevendo o rapaz que irá surgir daquele garoto perdido entre eles. Já Cartaxo faz o que pode com o pouco que lhe é oferecido, mostrando em relances porque é uma das melhores atrizes de sua geração. Mas entre excrementos que não mais precisam ser coletados e amores não correspondidos, o filme prefere bater em teclas já conhecidas, inclusive fazendo do encontro com o mar um novo começo – imagem mais do que explorada pela ficção. E assim, tangenciando clichês e abrindo oportunidades para um inesperado que não chega a se concretizar, Assis indica que talvez esteja pronto a assumir discursos mais sérios e profundos”. Confira a nossa crítica completa.
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