Encerrou-se nesse fim de semana o Festival de Sundance, a grande festa do cinema independente norte-americano que deu início à temporada 2015 no cinema. Esse ano, mais do que nunca os olhos da indústria se voltaram para a cidade de Park City, Utah, onde acontecem as mostras. Isso porque dois dos grandes filmes das premiações atuais foram lançados lá em janeiro do ano passado. Produtores estão desesperados para encontrar o novo Boyhood: Da Infância à Juventude (2014) ou o novo Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014). Talvez o que procuram esteja em Me, Earl & the Dying Girl (2015), dramédia teen vencedora do grande prêmio do juri deste ano; quem sabe em Brooklyn (2015), drama sobre imigração irlandesa em Nova York estrelado por Saoirse Ronan e escrito por Nick Hornby; e o mesmo vale para a comédia Diary of a Teenage Girl (2015), adaptado de uma graphic-novel sobre jovens dos anos 1970. Também com potencial para a temporada de ouro são as elogiadas atuações de Jack Black em D-Train (2015), Jesse Eisenberg em The End of Tour (2015) ou de Lily Tomlin em Grandma (2015). E dois filmes estrelados por James Franco podem surpreender: I Am Michael (2015) e True Story (2015).
No entanto, entre os filmes mais elogiados deste ano estão dois produzidos pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, que já emplacou Frances Ha (2013) e O Amor é Estranho (2014) em edições anteriores. A RT Features, empresa de Teixeira, repete a parceria com Noah Baumbach e Greta Gerwig em Mistress America (2015), comédia extremamente elogiada sobre amizade e a desconstrução do sonho americano. O brasileiro também assina a produção de The Witch (2015), filme de horror de época que surpreendeu críticos pela fidelidade com que representa a New England do século XVII. A história acompanha um casal de camponeses cristãos, prejudicados por uma safra fraca, cuja vida começa a ser perturbada por presenças demoníacas após o desaparecimento do filho recém-nascido. O longa é a estreia em longas do diretor Robert Eggers, que acabou levando o prêmio de Melhor Direção. Diversos veículos tradicionais da imprensa americana não pouparam elogios ao filme, inclusive com comparações a William Friedkin (O Exorcista, 1973) e a Stanley Kubrick (O Iluminado, 1980).
Mas o maior destaque foi o prêmio de Melhor Atuação para as atrizes Regina Casé e Camila Márdila, ambas pelo filme Que Horas Ela Volta?, da diretora Anna Muylaert, conhecida por seu trabalho em É Proibido Fumar (2009) e Durval Discos (2003). Rebatizado em inglês com o nome de The Second Mother (A Segunda Mãe), o filme conta a história de Val, que deixa sua filha no interior de Pernambuco para trabalhar como babá em São Paulo. O reencontro acontece quando a menina vai para a cidade prestar vestibular, causando distúrbios na casa da patroa de sua mãe. No elenco, também está Michel Joelsas, famoso por protagonizar o grande sucesso O Ano em que meus Pais Saíram de Férias (2006).
Nenhum dos três filmes possui data de lançamento no Brasil, mas a boa repercussão em Sundance certamente aumentam as chances de um forte destaque internacional para os filmes na próxima temporada.
(Fonte: Redação PdC)