20200402 samuel l jackson destaque

Em tempos de pandemia, existem várias maneiras de ajudar o próximo. Empresas automobilísticas estão fabricando máscaras para distribuir à população. Celebridades como Pabllo Vittar e Dolly Parton doaram milhões em ajuda às pesquisas científicas e distribuição de produtos. Indústrias de cinema como a norte-americana e a sul-coreana preveem ajudas de custo para os filmes e os artistas desempregados. Governos responsáveis estão aconselhando às pessoas para manterem o isolamento, enquanto sancionam rapidamente leis que ajudam as pessoas mais vulneráveis.

Artistas também podem ajudar produzindo arte, dentro das possibilidades restritas do confinamento. Samuel L. Jackson, por exemplo, decidiu ler um poema de conscientização às crianças e famílias, em gravação exibida no programa Jimmy Kimmel Live. O título é autoexplicativo: Stay the Fuck at Home, ou seja, “Fique em casa, porra”. Abaixo, segue parte das letras numa tradução aproximada – com seus devidos palavrões, em respeito ao texto do autor:

O corona está se espalhando
Essa porra não é brincadeira
Não é hora de trabalhar ou passear
A melhor maneira de lutar
É simples, meus amigos
Apenas fiquem em casa, porra
[…]
Tecnicamente, eu não sou médico
Mas filho da puta, presta atenção quando eu leio um poema
Então aqui estou eu, Samuel Jackson, porra,
Implorando para você
Aquieta o rabo em casa

[A leitura do poema começa aproximadamente em 6:10]

A brincadeira parte de uma nova colaboração entre Samuel L. Jackson e o escritor Adam Mansbach, que já havia publicado o livro Go the Fuck to Sleep, com narração do ator americano. “Nós conversamos sobre como poderíamos alertar as pessoas sobre o distanciamento social neste momento. Então, escrevemos este novo poema”, ele explica ao apresentador Jimmy Kimmel.

A mistura de letras infantis com os palavrões, num livro que foi realmente diagramado e impresso, como você confere no vídeo, resulta numa mensagem ideal para toda a família. Ninguém é capaz de transmitir o alerta de saúde com a clareza do ator responsável pelos bordões “English, motherfucker, do you speak it?”, de Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) ou “I have had it with these motherfucking snakes on this motherfucking plane!”, de Serpentes a Bordo (2006).

 

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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