O cineasta italiano Franco Zeffirelli morreu neste sábado, 15, aos 96 anos, em sua residência na cidade do Roma, na Itália. De acordo com a família, o motivo foi “o agravamento, nos últimos meses, de uma longa doença”, sem a especificação de que moléstia seria essa. O corpo será velado nesta terça-feira, 18, a partir das 11h (horário local) no Duomo de Florença. Nascido Gianfranco Corsi Zeffirelli, o artista sempre foi inclinado ao espetáculo, a uma concepção de cinema muito próxima do operístico, não gozando de tanto prestígio junto à crítica, que constantemente questionava essa predileção pelo pomposo e grandiloquente. Zeffirelli estudou na Academia de Belas Artes de Florença, de onde foi para a universidade cursar Artes e Arquitetura. Os estudos foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial, na qual lutou, atuando, principalmente, como intérprete dos soldados ingleses.
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Após o conflito, começou a trabalhar como cenógrafo. Nessa época, foi apresentado ao cineasta conterrâneo Luchino Visconti, que o contratou como assistente de A Terra Treme (1948). Os dois tiveram um tumultuado relacionamento amoroso e profissional, vivendo três anos juntos e colaborando por décadas. Curiosamente, os estilos deles como diretores são bastante diferentes. Zeffirelli também colaborou com Vittorio De Sica, Roberto Rossellini e ajudou Salvador Dali a salvar os desenhos realizados para a versão destinada aos palcos dirigida por Visconti de As You Like It, de William Shakespeare. Nos anos 50, ficou muito amigo da cantora Maria Callas, a quem conduziu em várias óperas. Estreou como diretor cinematográfico em 1958 com a comédia Camping.
Já nos anos 60, chamou a atenção do mundo com uma montagem nos palcos de Romeu e Julieta, com cenários que recriavam a Itália de forma realista e atores com a idade exata que os personagens têm na peça de Shakespeare. Por esse trabalho ganhou o Tony (o Oscar do teatro) especial de cenografia. Zeffirelli manteve a proposta para a versão cinematográfica, que chegou às telas em 1968, protagonizada por Leonard Whiting e Olivia Hussey. O filme ganhou os Oscars de fotografia (Pasqualino De Santis) e figurino (Danilo Donati), além de ter sido indicado a Melhor Filme e Direção. Na ocasião, Zeffirelli foi acusado de assédio sexual por Bruce Robinson, intérprete de Benvolio no longa. Mais tarde, o italiano enfrentou outras acusações da mesma natureza, mas sempre negou sua culpa.
Outros filmes de destaque na filmografia de Franco Zeffirelli são Irmão Sol, Irmã Lua (1972), o dramalhão O Campeão (1979) – por muitos considerado um dos mais tristes do cinema –, Amor Sem Fim (1981), La Traviata (1982), Cavalleria Rusticana (1982), Tosca (1985), Otello (1986) e Don Carlo (1992). Seu último filme foi uma biografia sobre os anos derradeiros da diva (e amiga) Maria Callas, intitulado Callas Forever (2002). Conservador, apoiador de Silvio Berlusconi, foi senador entre 1994 e 2001. Em suas memórias, disparou contra os críticos, que sempre tiveram ressalvas quanto ao seu trabalho: “A ignorância, a incompetência e, principalmente, a falta de paixão de muitos críticos são evidentes. Para alguns deles sou uma relíquia do passado, o representante de um estilo teatral abandonado pelas novas gerações de diretores. O fato de que meu trabalho continua sobrevivendo impávido, apesar de sua hostilidade, os irrita profundamente.”
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