Dois veteranos da indústria hollywoodiana defenderam Woody Allen na última semana. Em entrevista ao WGN News, de Chicago, Gina Gershon e Wallace Shawn comentaram as polêmicas que envolvem o cineasta de 86 anos, que agora é persona non grata no cenário cinematográfico por conta das alegações de agressão sexual de Dylan Farrow contra ele, as quais o realizador sempre negou – e das quais já foi inocentado em mais de uma ocasião na Justiça norte-americana. Questionada sobre o que a levou aceitar trabalhar com Allen, Gina respondeu: “Porque ele é um gênio. Não serve para ninguém impedir que grandes artistas trabalhem, nem mesmo para as supostas vítimas, certo? Para mim, como atriz, ele tem me inspirado desde que me lembro”.
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Já Shawn foi mais longe, dizendo que se “familiarizou” com a acusação contra Allen e acredita que “o que Dylan diz não aconteceu de verdade“. “Sinto que Woody é um homem inocente“, continuou ele. “É uma injustiça estarmos falando sobre isso, embora, é claro, se alguém fizer uma acusação formal, ela deve ser examinada e pensada”, completou. Nesse meio tempo, Gershon interrompeu Shawn, acrescentando que a situação de Allen é um “assunto de família” e “não é assunto nosso”.
A acusação contra o cineasta surgiu pela primeira vez em 1992, mas ressurgiu na esteira do movimento #MeToo, que mais tarde levou a um escrutínio generalizado de Woody Allen. A Amazon Studios chegou a desistir de um acordo de vários filmes com o diretor e arquivou um de seus filmes por completo: Um Dia de Chuva em Nova York (2019), em meio à controvérsia renovada. Em 2021, a série documental Allen v. Farrow examinou as declarações, seu pano de fundo e consequências, incluindo a separação de Woody da mãe adotiva de Dylan, Mia Farrow, e seu casamento subsequente com Soon-Yi Previn, outra das filhas adotivas de Farrow.
Vale lembrar que Gershon e Shawn estrelaram o mais novo filme de Allen, O Festival do Amor (2020) – que está chegando apenas agora aos cinemas dos Estados Unidos – e compõem um pequeno grupo de atores que ainda se dispõe a trabalhar com o cineasta. Lançado no Brasil no último 06 de janeiro, o projeto obteve críticas mistas e chegou a ser exibido no Festival de San Sebastián, mas não conseguiu qualquer destaque na temporada de premiações – tradicional época que já foi íntima de Allen, dono de quatro Oscars.