Foi recentemente anunciada a realização da série true crime Gisberta: Vida e Morte, coprodução Brasil/Portugal que contará em episódios o crime hediondo envolvendo a tortura e a morte da transexual brasileira Gisberta Salce Junior em Portugal. A circunstância chocou a opinião pública e estimulou a instituição de leis de igualdade de gênero no país europeu. A minissérie está prevista para ter quatro episódios com cerca de 45 minutos cada, entremeando depoimentos de amigos e familiares de Gisberta, bem como de pessoas envolvidas diretamente com o crime, inclusive de alguns dos 14 adolescentes (atualmente adultos) que impingiram um sofrimento inimaginável à trans brasileira cujo martírio a tornou um símbolo LGBTQIAPN+ quando o assunto é violência de gênero. Ainda não há data de estreia prevista.
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Segundo Luís Antônio Silveira, produtor executivo da minissérie: “Ela já tem parte do financiamento garantido pela distribuidora francesa ABC – About Premium Content, e as produtoras já estão em avançadas negociações com players de streaming no Brasil e em Portugal, onde também chegará à tv aberta. O objetivo é lançar durante a EuroPride 2025, a parada LGBTQIAPN+ pan-europeia realizada anualmente, sempre em uma cidade diferente do continente. A edição 2025 acontecerá em Lisboa, no último trimestre do ano”. Gisberta: Vida e Morte tem criação, direção e roteiro de Rodrigo Rebouças, em parceria com Alice Marcondes, e direção geral de Leonel Vieira.
O CASO
Gisberta Salce Junior foi uma transexual brasileira que fixou residência em Portugal depois de transitar pela Europa a trabalho. Em 22 de fevereiro de 2006, depois de dias sendo torturada por 14 adolescentes nos escombros de um prédio abandonado, ela foi decreta morta por afogamento na cidade do Porto, onde sobrevivia de apresentações artísticas de transformismo e também recorrendo à prostituição. Com visto de residência legalizado, ela viu se tornarem mais raros os contatos com a família que permaneceu no Brasil, sentindo o peso da solidão num país estranho que a rechaçava frequentemente por sua condição imigrante e natureza transexual. Depois da expiração do visto de permanência, Gisberta continuou no país, desta vez na ilegalidade, o que acentuou a sua condição de marginalizada.
INSPIRAÇÕES
Gisberta Salce Junior virou nome de rua, ganhou projeto de lei, inspirou manifestações sociais e artísticas, que vão de peças de teatro, livro à música Balada de Gisberta, cantada por Maria Betânia.“O assassinato da Gisberta estabeleceu um antes e um depois em Portugal. Mudou a maneira como a sociedade olhava para as mulheres trans, mudou o modo como a imprensa cobria os transexuais, estimulou a criação de leis que tratassem da igualdade de gênero”, afirmou em uma entrevista à BBC Brasil o ativista português Sérgio Vitorino, do movimento social Panteras Rosa.
Uma das produções mais famosas a tratar de trans brasileira brutalmente assassinada em Portugal foi o monólogo Gisberta interpretado por Luis Lobianco, alvo também de polêmicas sobre a atuação de um ator cisgênero como uma personalidade transexual. Em termos cinematográficos, destaca-se A Gis (2016), de Thiago Carvalhaes, curta-metragem vencedor de três Kikitos no 45º Festival de Gramado: Melhor Filme, Montagem e Melhor Filme pelo Júri Popular. Aliás, você pode conferir ele na íntegra logo abaixo.
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