Não foi por meio de um despacho oficial, mas de um tweet (?) que governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, pediu ao presidente Jair Bolsonaro para reconsiderar a transferência da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, do Rio de Janeiro para Brasília. A medida, confirmada por Bolsonaro no dia 18 de julho após uma reunião com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, causou furor nas classes envolvidas com o audiovisual. A instabilidade e o clima de incerteza aumentaram bastante após o presidente mencionar que ele próprio não poderia admitir o Estado financiando obras como Bruna Surfistinha (2011), não deixando claro os motivos de sua ressalva, mas dando brecha para interpretações relacionadas ao moralismo, vide o fato da protagonista do citado longa ser uma prostituta.
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Mesmo antes do apelo público de Witzel, Bolsonaro já sinalizava que poderia voltar atrás em sua posição de transferir a Ancine para Brasília, assim repetindo um expediente relativamente frequente em seu governo, o de recuar após tomar decisões controversas.“Se tiver de recuar, eu recuo. Quantas vezes vocês falam que recuei? Tem a questão do audiovisual que emprega muita gente, então tem que ver por esse lado. Não é apenas a Bruna Surfistinha. Se fosse 40 anos atrás, eu estaria vendo o filme da Bruna Surfistinha. Hoje eu não vou ver não, fica tranquilo”, disse Bolsonaro num recente ato público. “O que não pode é dinheiro público para este tipo de filme. Não é censura. Não proibi. Não estou falando que vou censurar, até porque não tenho poderes para isso. Agora, com dinheiro público, não. Tem o decreto para (a Ancine) vir para Brasília. Já começou a operação para não deixar tudo como está. Já apresentou o rascunho para mim, o Osmar Terra, como seria a Ancine em uma versão parecida com o dinheiro da Lei Rouanet. Está sendo estudado”, arrematou o presidente.