Mais uma polêmica na sétima arte tupiniquim. Agora foi a vez de Greta (2019) encontrar complicações com a Ancine. Isso porque o órgão responsável por regular o cinema nacional deixou de apoiar financeiramente o longa que, com o dinheiro antes prometido, participaria do Queer Lisboa, na capital portuguesa. Segundo eles, todos ficaram sabendo do corte através “da coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo” e recentes filmes que tiveram rescisão com a agência “coincidentemente abordam temas que o governo parece não querer ver nas telas: homossexualidade e negritude”. A justificativa oficial da Ancine foi um corte de R$ 13 milhões nas despesas gerais. Confira a nota na íntegra:
Recebemos surpresos, através da coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, a informação da rescisão de apoio financeiro para dois filmes brasileiros que participariam do Festival Internacional Queer Lisboa.
Greta e Negrum3, os filmes atingidos, abordam temas que o governo parece não querer ver nas telas: homossexualidade e negritude.
Assim nós, produtores do filme Greta, temerosos de estarmos sendo censurados, procuramos a ANCINE e soubemos que a Agencia sofreu um contingenciamento de 24% no orçamento, o que significou um corte de 13 milhões nas despesas. Quando o corte atingiu o Programa de Apoio à Participação em Festivais Internacionais, a diretoria optou por cumprir com os apoios publicadas no DOU referentes a filmes que já estavam no exterior e cancelar os apoios já aprovados e publicados referentes aos dois filmes citados.
O ponto difícil de aceitar nessa resolução da Agência, sem entendê-la como censura, é que o nosso apoio foi aprovado há 3 semanas, a decisão retroativa poupou os projetos que participaram dos festivais de Toronto e Veneza, entretanto recaiu sobre dois filmes com temática LGBTQI+ inviabilizando a representação do Brasil num dos maiores festivais do gênero no mundo.
Recebemos com confiança as justificativas dadas pela ANCINE, mas não podemos deixar de manifestar nossa profunda preocupação em face aos notórios casos de censura e perseguição à atividade artística e à liberdade de expressão, uma vez que a intenção de controle sobre o conteúdo produzido pelo setor audiovisual é pauta recorrente nos pronunciamentos do governo em relação a ANCINE.
Greta teve sua estreia mundial no festival de Berlim, participou de festivais na Ásia, na Europa e na América Latina. Será lançado comercialmente nos EUA, Itália, Alemanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo até o momento. No Brasil recebeu os prêmios de melhor filme, direção para Armando Praça e ator para Marco Nanini, no Cine Ceará, e tem seu lançamento nacional agendado para 10 de outubro próximo.
Na trama de Greta, Pedro (Marco Nanini) é um enfermeiro solitário diante do estado terminal da amiga transexual que se recusa a prologar o inevitável. Melancólico, mas desejoso, ele abriga um jovem criminoso em sua casa, com isso ganhando uma insólita companhia, iniciando um envolvimento tórrido, de proporções insondáveis, para esse sujeito casmurro e ensimesmado.
Greta (2019) foi exibido no conceituado Festival de Berlim 2019 e, recentemente, foi condecorado com os Candangos de Melhor Filme, Ator (Marco Nanini) e Direção no Cine Ceará 2019. Vale lembrar que há poucos dias o longa Marighella (2019) teve sua estreia cancelada. A produção da cinebiografia dirigida por Wagner Moura também vem enfrentado entraves burocráticos da Ancine quanto à liberação de verba.
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(Fonte: Sinny Assessoria)
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