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Hollywood aumenta número de personagens LGBTQ, mas transexuais continuam invisíveis

Publicado por
Bruno Carmelo

A cada ano, a GLAAD (Aliança de Gays e Lésbicas Contra a Difamação, em inglês) estuda a representação de gays, lésbicas, transexuais, travestis e bissexuais em Hollywood. A análise dá origem a um extenso relatório que permite compreender não apenas os números da inclusão social na indústria, mas também a qualidade desta representação. O estudo referente a 2019 acaba de ser divulgado, e os resultados não são particularmente animadores.

Talvez o único índice a comemorar diga respeito à quantidade de filmes incluindo personagens LGBTQ. 18,6% das produções trouxeram histórias inclusivas, registrando um leve aumento em relação à marca de 18,2% em 2018, e também atingindo um recorde histórico. Isso ainda significa que menos do que um filme em cinco se dispõe a incluir algum personagem gay, lésbica ou transexual em sua história. Além disso, estes personagens se tornaram menos importantes na trama, com tempo de tela reduzido – mais de 50% dos personagens LGBTQ ganham menos de três minutos de tela.

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Anna: O Perigo Tem Nome (2019)

 

No entanto, outros resultados despertam preocupação, especificamente a representatividade de personagens LGBTQ negros e negras. O número vem sofrendo forte queda: 57% dos personagens LGBTQ eram negros em 2017, caindo para 42% em 208, e 34% em 2019. Isso significa que a discreta melhoria na inclusão social é acompanhada de um acelerado embranquecimento dos personagens.

Os gays continuam dominando a representatividade LGBTQ, com 68% dos personagens, contra 36% de filmes incluindo lésbicas e 14% de projetos incluindo personagens bissexuais. Pelo terceiro ano consecutivo, nenhum grande estúdio de Hollywood incluiu qualquer personagem transexual em seus lançamentos comerciais.

O gênero predominante para projetos incluindo personagens LGBTQ é a comédia (44%), muito à frente dos dramas (20%) e dos filmes voltados à família (10%). No que diz respeito à distribuição racial e étnica, 66% dos personagens LGBTQ em Hollywood no ano de 2019 são brancos, contra 22% de negros, 8% de latinos e 4% de asiáticos.

Entre os bons exemplos citados em 2019 se encontram Anna: O Perigo Tem Nome, O Escândalo, A Cinco Passos de Você, Rocketman, As Panteras, Fora de Série e It: Capítulo 2. No entanto, John Wick 3: Parabellum, Jumanji: A Próxima Fase, Homem-Aranha: Longe de Casa, As Golpistas, Vidro, Vingadores: Ultimato e Frozen 2 estão entre os filmes criticados pela representatividade de gênero e sexualidade.

O relatório completo (ler aqui) visa alertar os estúdios e despertar consciência dos espectadores quanto à grave subrepresentação de uma parcela importante da sociedade que ainda não se vê nas histórias, ou figura “em momentos tão curtos que a maioria dos espectadores sequer perceberão a presença deles”, explica a GLAAD.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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