Recentemente, a premiada atriz Helen Mirren foi contestada ao assumir o papel de protagonista da cinebiografia de Golda Meir, ex-primeira-ministra de Israel, pelo fato da britânica não ter ascendência judia ou seguir a religião. Na esteira dessa polêmica, o conterrâneo da vencedora do Oscar, Ian McKellen, gay assumido – e intérprete de Gandalf em O Senhor dos Anéis, e Magneto, de X-Men -, saiu em sua defesa numa entrevista à BBC News. “Então agora é regra que um indígena não pode interpretar um judeu? E, consequentemente, que um judeu não pode interpretar um indígena?”, questionou ele.
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Em seguida, o assunto se expandiu para o tema das representações homossexuais no audiovisual. “Um homem heterossexual não pode interpretar um papel gay? E, se sim, isso significa que eu não posso interpretar papéis heterossexuais e não tenho permissão para explorar o fascinante conteúdo da heterossexualidade em ‘Macbeth’“, acrescentou McKellen, citando a peça clássica de William Shakespeare. Ele respondeu rapidamente a questão retórica com “claro que não, estamos atuando, estamos fingindo“, reforçou.
Vale lembrar o debate sobre atores heterossexuais interpretarem personagens LGBTQIA+ e vice-versa é recente e tem superaquecido debates em Hollywood. O conflito tem se dado por muitos profissionais da área alegarem que isso pode criar uma limitação nas carreiras de artistas gays, lésbicas, transexuais e etc. Por outro lado, há os que acreditam que, sim, por causa da predominância histórica de intérpretes heterossexuais compondo personagens gays, deveria haver algum tipo de reparação, e, portanto, deveriam ser privilegiados atores em sintonia com suas versões ficcionais. Para se ter uma ideia, diversos personagens gays já foram premiados no Oscar – como o Truman Capote de Philip Seymour Hoffman (Capote, 2005) ou o Harvey Milk de Sean Penn (Milk: A Voz da Igualdade, 2008), entre outros – porém sempre interpretados por atores héteros. Nunca um ator ou atriz assumidamente queer, em mais de 90 anos de premiação, levou a estatueta para casa – o próprio Ian McKellen, indicado em duas ocasiões, segue sem esse reconhecimento. Essa realidade, no entanto, pode ser alterada – finalmente! – nesse ano, com as indicações de Kristen Stewart (Spencer, 2021), a Melhor Atriz, e de Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor, 2021), a Melhor Atriz Coadjuvante. Caso qualquer uma das duas vença, será um feito histórico! Curiosamente, no entanto, nenhuma delas interpreta uma personagem LGBTQIA+.
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