O uso da inteligência artificial envolveu Emilia Pérez e O Brutalista – fortes candidatos ao Oscar 2025 e que devem chegar aos cinemas brasileiros em 06 e 20 de fevereiro, respectivamente – em polêmicas. As obras, que exploraram a tecnologia para modificar vozes de atores e melhorar atuações, têm dividido opiniões na indústria cinematográfica, levantando debates éticos sobre os limites do uso de IA na arte. A polêmica ganha ainda mais destaque pelo impacto dessas decisões em suas campanhas rumo à premiação mais prestigiada do cinema. Siga o fio e saiba mais!
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Dirigido por Jacques Audiard, o drama musical francês que é forte candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional já é campeão de polêmicas durante a corrida. Entre diversas críticas, ele é acusado pela comunidade trans por apresentar transição de gênero de forma superficial e sensacionalista. Além disso, é desacreditado pelos mexicanos por retratar o México de maneira estereotipada (mais sobre essas polêmicas aqui). Agora, a inteligência artificial entrou na jogada.
Isso porque jornalistas resgataram uma entrevista do técnico de som Cyril Holtz ao portal CST. Durante o Festival de Cannes 2024, o profissional revelou ter utilizado o software Respeecher para afinar a voz de Karla Sofía Gascón durante suas cenas musicas. Zoe Saldaña, Adriana Paz e Selena Gomez, no entanto, não precisaram ter a performance alterada. Na declaração, Holtz disse que “o caso de Gascón foi mais complicado”.
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“Havia partes muito difíceis, principalmente porque ela já havia feito a transição [de gênero] e algumas notas vocais não eram mais alcançáveis”, comentou. Karla, que é uma mulher trans, interpreta uma chefe de um cartel mexicano que deseja fazer uma cirurgia de redesignação de gênero. “A personagem passa por uma transição de gênero, o que tornou tudo ainda mais desafiador. Mesmo adaptando as melodias e a tessitura, era muito difícil para ela”, revelou Cyril.
Já o caso de O Brutalista – filme que segue a história de um arquiteto visionário que chega aos EUA, fugindo da Europa pós-guerra, para reconstruir a vida – foi revelado por Dávid Jancsó, montador. Em entrevista ao site RedSharkNews, ele revelou que a equipe usou inteligência artificial para aprimorar o sotaque húngaro dos atores, como Adrien Brody e Felicity Jones, e gerar desenhos de arquitetura no epílogo do filme.
“Tivemos o cuidado de manter as atuações originais, o que fizemos foi substituir letras aqui e ali. É possível fazer isso à mão no software Pro Tools, mas tínhamos muitos diálogos em húngaro e precisávamos acelerar o processo, ou ainda estaríamos na pós”, disse Jancsó.
Sobre o caso, Brady Corbet, responsável por O Brutalista, rebateu. Ao Deadline, Corbet comentou: “Judy Becker e sua equipe não usaram inteligência artificial para criar ou renderizar nenhum dos edifícios. Todas as imagens foram feitas à mão por artistas. Para esclarecer, no vídeo apresentado no fundo de uma cena, nossa equipe editorial criou imagens intencionalmente projetadas para parecerem renderizações digitais ruins por volta de 1980”. Sobre as performances de Adrien Brody e Felicity Jones, ele garante que são legítimas e que nenhuma fala em inglês foi alterada. “A tecnologia de IA foi usada apenas na edição de diálogos em húngaro, especificamente para refinar certas vogais e letras para precisão”, comentou.
Tais revelações suscitaram debates e podem afetar a campanha dos longas rumo ao Oscar 2025. No caso de O Brutalista, põe em risco as chances de Brody, até então um dos favoritos ao prêmio de Melhor Ator. Já Emilia Pérez trouxe à tona debates sobre inclusão e representação, especialmente considerando que a personagem também vive uma transição de gênero. A polêmica em torno desses filmes pode influenciar a percepção dos votantes da Academia, que podem optar por premiar obras e performances que não dependam de tecnologias controversas, buscando preservar a integridade artística da premiação.
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