Em 13 de julho de 2019, o presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta oficial no Twitter o vídeo de uma reunião, afirmando se tratar de uma gravação secreta do chamado “Foro de São Paulo” na Venezuela. “Nunca se viu tantas pessoas do mal, inimigas da democracia e liberdade, juntas”, ele escreveu, antes de criticar a “vitimização do PT”.
Ora, o vídeo não correspondia a nenhuma filmagem vazada, e tampouco havia se passado na Venezuela. Trata-se de um trecho do documentário O Processo (2018), dirigido por Maria Augusta Ramos, que acompanha os trâmites jurídicos e administrativos que conduziram ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A cena corresponde a uma reunião da cúpula do PT em Brasília.
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Em resposta a uma ação movida pelos produtores do filme, a juíza Maria Cristina de Brito Lima, do TJ – Rio de Janeiro, ordenou que o Twitter apagasse a publicação. Cabe recurso ao governo federal, que não se pronunciou quanto à decisão judicial. Ainda que os efeitos da campanha difamatória não sejam anulados pelo apagamento da publicação, vista por milhões de pessoas na época, o gesto constitui um reconhecimento legal da prática de fake news pelo governo Bolsonaro.
A distribuidora Vitrine Filmes também repercutiu o caso em suas redes sociais, dissociando a obra premiada da propaganda antiesquerdista do presidente. O episódio marca mais um ataque do governo não apenas aos opositores, mas à classe artística em geral – vide a crise na Ancine, o fechamento da Cinemateca Brasileira e as tentativas de censura a obras não alinhadas com a ideologia conservadora.
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