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O ícone do teatro brasileiro José Celso Martinez Corrêa morreu na manhã desta quinta-feira, 06, aos 86 anos, na cidade de São Paulo. Ele havia sido internado no Hospital das Clínicas na última terça-feira, 04, depois de ter cerca de 55% do seu corpo queimado num incêndio em seu apartamento na zona sul da capital paulista. A polícia ainda investiga as causas do incêndio, mas vizinhos suspeitam que teria sido principiado por um curto-circuito no sistema de aquecimento do imóvel. O marido de José Celso, Marcelo Drummond, e os atores Victor Rosa e Ricardo Bittencourt, estavam no local e foram hospitalizados por terem inalado muita fumaça. Infelizmente, o dramaturgo não resistiu ao quadro que se agravou bastante nesta quarta-feira, 05, e teve sua morte anunciada pela equipe médica do hospital nesta quinta-feira.

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Nascido na cidade de Araraquara, José Celso Martinez Corrêa estudou direito na Universidade de São Paulo e começou a sua trannsformadora carreira artística como ator no teatro amador. Ao lado de Renato Borghi, Fauzi Arap, Etty Fraser, Amir Haddad e Ronaldo Daniel, fundou o Teatro Oficina, uma das trupes mais atuantes e inquietas da cena teatral brasileira, cuja atividade afrontava a repressão da Ditadura Civil-Militar da época. Na década de 1960 e 1970, se destacou como um dos principais diretores, atores, dramaturgos e encenadores do Brasil, transformando-se numa espécie de tradutor do tropicalismo para os palcos mundo afora, rompendo com o estilo europeu do TBC, o Teatro de Comédia Brasileiro, ao resgar o conceito antropofágico de Oswald de Andrade. No cinema, teve seu primeiro crédito como roteirista em Prata Palomares (1972). Como ator, debutou em Um Homem Célebre (1974). Entretanto, o seu maior êxito foi ao comandar O Rei da Vela (1983), filme baseado na peça teatral homônima, premiado como Melhor Trilha Sonora no Festival de Gramado de 1983.

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José Celso Martinez Corrêa sempre foi sinônimo de provocação com a sua ideia de ritual dionísico para o teatro, pregando uma absoluta liberdade de costumes, de vivência sexual e em outras áreas da experiência humana. Preso pelo regime militar em 1974, que o torturou numa solitária, o artista se exilou em Portugal, onde continuou suas atividades artísticas. Em 2010, foi anistiado pelo Estado brasileiro, recebendo dele uma quantia indenizatória. Voltando ao cinema, ele fez participações especiais em Árido Movie (2005), Encarnação do Demônio (2008) e Ralé (2015), além de protagonizar Horácio (2019) e dar depoimentos para diversos documentários, tais como Máquina do Desejo: Os 60 Anos do Teatro Oficina (2021), sobre uma de suas mais célebres criações. José Celso Martinez Corrêa havia se casado numa cerimônia oficiada no Teatro Oficina depois de 36 anos de relacionamento com o ator Marcelo Drummond, a quem deixa agora como viúvo. Que a terra lhe seja leve, José Celso Martinez Corrêa.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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