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O cinema brasileiro está mais triste. Morreu nesta quarta-feira, 19, o ator, diretor e roteirista José Mojica Marins, o criador do popular personagem Zé do Caixão. Ele tinha 83 anos e estava internado desde o dia 28 de janeiro no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, vítima de uma broncopneumonia. A morte foi confirmada pela filha do cineasta, a atriz Liz Marins. O velório está marcado para acontecer nesta quinta, no Museu de Imagem e Som (MIS), na capital paulista. Mojica deixa sete filhos.

Filho de dois artistas circenses, José Mojica Marins nasceu em uma sexta-feira 13, março de 1936, em São Paulo. Em exatos 70 anos de carreira – sua estreia foi no curta-metragem Reino Sangrento (1950), que assinou o roteiro, direção, produção e também atuava – dirigiu 40 produções e colaborou com mais de 50 filmes, nas mais diversas frentes. Em 1964, com o lançamento de À Meia-Noite Levarei Sua Alma, surgiu pela primeira vez como Zé do Caixão, uma figura tão forte que acabou se confundindo com sua própria identidade. O agente funerário sádico, vestido sempre de preto, cartola, capa e unhas longas, apareceu ainda em Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver (1967), O Estranho Mundo do Zé do Caixão (1968) e Encarnação do Demônio (2008).

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José Mojica Marins, como Zé do Caixão, em Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver

Apesar de ser reconhecido internacionalmente como Mestre do Terror – nos Estados Unidos, se popularizou como Coffin Joe – trabalhou também em outros gêneros, como faroeste, aventura e até pornochanchadas. Começou sua carreira com apenas 17, quando fundou, ao lado de amigos, a Companhia Cinematográfica Atlas, trabalhando em filmes amadores. O primeiro longa-metragem foi A Sina do Aventureiro, de 1958. Segundo o próprio declarava em entrevistas, o personagem do Zé do Caixão lhe surgiu durante um pesadelo, no qual um homem de capa preta o arrastava para um túmulo. Segundo o site oficial do artista, o verdadeiro nome de sua criação era Josefel Zanatas. Filho de um casal dono de uma rede de agências funerárias, cresceu como uma criança muito sozinha e discriminada pelos colegas por causa da profissão dos pais. Ainda segundo Mojica, “Zé do Caixão é um homem sem crenças, não acredita em Deus, nem no Diabo, só acredita nele mesmo, acha que é o único que pode fazer justiça”.

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Nos anos 1990, Zé do Caixão apresentou o programa Cine Trash, na Rede Bandeirantes, e em 2008 estreou no Canal Brasil com o talk show O Estranho Mundo do Zé do Caixão, que teve sete temporadas. Em 2014 sofreu um infarto, passou por uma angioplastia e colocou três stents no coração. No mesmo ano voltou a ser internado por piora nas funções renais. Desde então, se manteve afastado da mídia. Em 2016 foi homenageado no Festival de Gramado com o Troféu Eduardo Abelin, pelo conjunto de sua carreira, mas não pode comparecer, já devido à sua saúde frágil. Com Encarnação do Demônio, um dos últimos longas que dirigiu, foi premiado como Melhor Filme pelo júri oficial e pelo júri da crítica no Festival de Paulínia, e como Melhor Filme e Direção pelo júri popular no Festival SESC Melhores Filmes. Em 2015, recebeu o troféu Leon Cakoff, em uma homenagem concedida pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

(Com informações do G1 e IMDb)

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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