20190125 kate winslet papo de cinema

Especialmente após o surgimento do movimento #MeToo (aliás, que acabou de ganhar uma bem-vinda “sucursal” brasileira), grandes nomes masculinos do cinema foram colocados na berlinda. Para adensar a discussão, a atriz Kate Winslet afirmou numa entrevista à revista norte-americana Vanity Fair que se arrepende de ter colaborado com Woody Allen e Roman Polanski, dois cineastas colocados em xeque por questões distintas. Allen viu a acusação de abuso infantil, da qual foi inocentado após um longo processo nos anos 1990, voltar à tona e reconfigurar como boa parte da indústria do entretenimento o encarava. Já Polanski é réu confesso num caso de estupro acontecido nos anos 1970, quando teve relações sexuais com uma menina de 13 anos de idade depois de lhe dar bebida alcoólica.

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Colaboradora de Woody Allen e Roman Polanski, respectivamente em Roda Gigante (2017) e Deus da Carnificina (2011), ela demonstrou profundo arrependimento por ambas as colaborações. “Rodar o filme Ammonite aumentou minha consciência do compromisso de honrar o que as mulheres querem dizer para si mesmas nos filmes e como realmente queremos ser retratadas, independentemente da orientação sexual. A vida é curta pra caralho e eu gostaria de fazer o meu melhor quando se trata de dar um exemplo decente às mulheres mais jovens. Estamos entregando a elas um mundo bem fodido, então gostaria de fazer minha parte para ter alguma integridade. É tipo, o que diabos eu estava fazendo trabalhando com Woody Allen e Roman Polanski? É inacreditável para mim agora como esses homens foram tão amplamente considerados na indústria cinematográfica, por tanto tempo. É uma vergonha do caralho. Tenho de assumir a responsabilidade pelo fato de ter trabalhado com ambos. Não posso voltar no tempo. Estou lutando contra esses arrependimentos, mas o que temos, se não somos capazes de ser apenas fodidamente verdadeiros sobre tudo isso?”.

Se trata de uma mudança significativa de perspectiva, uma vez que em entrevista ao jornal The New York Times em 2017, Winslet demonstrou uma opinião bem diferente: “Claro que penso sobre isso (acusações aos diretores). Mas, ao mesmo tempo, não conhecia Woody e não sabia nada sobre aquela família. Como atriz do filme, você só precisa se afastar e dizer: não sei de nada, realmente, se alguma coisa é verdadeira ou falsa. Tendo pensado em tudo, mas você coloca de lado e apenas trabalha com a pessoa. Woody Allen é um diretor incrível. Roman Polanski também. Tive uma experiência de trabalho extraordinária com esses dois homens. Essa é a verdade”.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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