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Após variados apelos internet afora, Regina Duarte enfim apareceu. Em entrevista concedida à CNN Brasil na última quinta, 7 de maio, a atual Secretária da Cultura não só minimizou as mortes decorrentes da pandemia de COVID-19 no Brasil como a própria ditadura militar, além de “dar um chilique” – palavras dela – ao ter seu trabalho questionado em vídeo enviado pela também atriz Maitê Proença. O vídeo, assustador sob o ponto de vista humano e também institucional, gerou consequências.

Após muitos protestos nas redes sociais, um grupo de 512 artistas assinou um manifesto de repúdio a Regina Duarte. Confira a íntegra:

“Somos artistas brasileiros e fazemos parte da maioria de cidadãs e cidadãos que defende a democracia e apoia a independência das instituições para fazer valer a Constituição de 1988.

Fazemos parte da maioria que entende a gravidade do momento que estamos vivendo e pedimos respeito aos mortos e àqueles que lutam pela própria sobrevivência no país devastado pela pandemia e pela nefasta ineficiência do poder público.

Fazemos parte da maioria de brasileiros que não tolera os crimes cometidos por qualquer governo, que repudia a corrupção e a tortura e que não deseja a volta da ditadura militar.

Fazemos parte da maioria que não aceita os ataques reiterados à arte, à ciência e à imprensa, e que não admite a destruição do setor cultural ou qualquer ameaça à liberdade de expressão.

Como artistas, intelectuais e produtores culturais, formamos a maioria que repudia as palavras e as atitudes de Regina Duarte como Secretária de Cultura. Ela não nos representa.”

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Caetano Veloso e Chico Buarque estão entre os 512 artistas que assinaram o manifesto

 

Dentre os artistas que assinaram o documento estão os atores Adriana Esteves, Alice Braga, Cauã Reymond, Malu Mader, Marieta Severo, Marcelo Serrado, Marisa Orth, Miguel Falabella, Paulo Betti, Selton Mello, Fabio Porchat e Renata Sorrah, os diretores Anna Muylaert, Fernando Meirelles, Jorge Furtado e Lais Bodanzky, os cantores Caetano Veloso e Chico Buarque, os escritores Luiz Fernando Veríssimo, Antonio Prata, Ignacio de Loyola Brandão e Mário Prata, o autor de novelas Walcyr Carrasco, o diretor de teatro Zé Celso Martinez Corrêa e os apresentadores Marcelo Tas e Astrid Fontenelle.

Até o encerramento desta matéria, não houve manifestação da Secretaria de Cultura acerca do manifesto. Como de hábito o silêncio se mantém, assim como tem sido acerca do apoio à classe cultural durante a pandemia e ao falecimento de grandes nomes da cultura brasileira, como Flávio Migliaccio, Rubem Fonseca, Moraes Moreira e Aldir Blanc, todos ignorados pelo atual governo.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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