Quem viu a boa recepção do filme brasileiro Marighella (2019) no Festival de Berlim, fora de competição, nunca imaginaria que o longa-metragem dirigido por Wagner Moura atravessaria um caminho tão complicado para chegar aos cinemas. O drama biográfico enfrentou resistência de uma direita raivosa nas redes sociais, além de uma enxurrada de fake news, tentativas de censura, problemas de prestação de contas com a Ancine, trocas de farpas entre produtores e distribuidores, e por fim o fechamento das salas devido à Covid-19.
Agora, o filme parece ter uma data (definitiva, esperamos) para o lançamento nos cinemas: 14 de abril de 2021. A data foi confirmada em redes sociais, junto de um novo trailer que destaca os inúmeros festivais por onde a produção passou. Bruno Gagliasso, o antagonista desta história, ganha destaque no vídeo que ainda faz certo mistério sobre a imagem e as ações do próprio Marighella (Seu Jorge).
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O roteiro é inspirado na trajetória real de Carlos Marighella, guerrilheiro comunista que lutou intensamente contra a opressão da ditadura militar. Divergindo das ideias de colegas, mesmo dentro do próprio partido de esquerda, colocou a batalha contra o governo como sua prioridade, até ser brutalmente assassinado. O filme também é estrelado por Adriana Esteves, Humberto Carrão, Rafael Lozano e Herson Capri.
Tendo assistido a Marighella em Berlim, podemos dizer que o resultado impressiona pela grande produção, incluindo diversas cenas de ação e momentos de humor capazes de tornar a figura histórica acessível ao público amplo. Não foram raras das comparações na Berlinale com Tropa de Elite (2007), que consagrou Warner Moura ao público nacional, e que parece servir de referência em ritmo e estilo. No entanto, o herói escolhido por Moura é completamente diferente, em questão de posicionamento político, de Capitão Nascimento, o anti-herói de Padilha.