Mario de Andrade: O Turista Aprendiz :: Conversamos com Carla Sarmento, a designer do cartaz (Exclusivo)

Mario de Andrade: O Turista Aprendiz (2025), o mais recente filme de Murilo Salles, chega aos cinemas brasileiros no dia 27 de março pela Cinema Brasil Digital. Inicialmente, ele estará nas telonas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a partir da sua segunda semana em cartaz haverá outras praças Brasil afora. O filme é baseado livremente nas anotações feitas pelo escritor modernista Mário de Andrade na sua viagem pelo rio Amazonas em 1927. Esse mergulho no Brasil profundo é imediatamente anterior à publicação, em 1928, da obra mais consagrada do autor: Macunaíma. Mário passaria essas anotações a limpo apenas em 1946.

Mario de Andrade: O Turista Aprendiz tem um cartaz lindíssimo, obra de Carla Sarmento, renomada diretora de arte que trabalhou em grandes filmes brasileiros, tais como Piedade (2019) – pelo qual foi premiada no Festival de Brasília. Ela também é a autora, entre outros, do belo cartaz de Baile Perfumado (1996), dirigido por Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Para saber um pouco mais sobre o conceito por trás da arte do cartaz no novo longa de Murilo Salles, conversamos breve e remotamente com Carla. Confira o nosso Papo de Cinema logo abaixo.

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MARIO DE ANDRADE: O TURISTA APRENDIZ :: PÔSTER

“Gosto muito de trabalhar com Murilo, pois temos muita afinidade. No começo ele disse que não existia still e que as imagens seriam extraídas do próprio filme. Assisti e simplesmente adorei. Logo depois conversei longamente com o Murilo. E fiquei com essa visão do Mário de Andrade sobre o Brasil, a respeito dessa esfera multicultural a partir do recorte do modernismo. A gente vê no longa-metragem influências da Chanchada, da Atlântida Cinematográfica, de vários elementos dos anos 1920/30. Mario de Andrade: O Turista Aprendiz é muito diferente do que a gente geralmente vê. Fui arrebatada pelo filme” (…)

(…) Sobre o processo, fui extraindo os frames, os fotogramas que me pareciam interessantes para o cartaz. Enquanto assistia ao filme eu refletia a respeito do potencial dessas imagens selecionadas para representar o todo. Queria fazer alusão ao mergulho, à imersão profunda de Mário de Andrade. Eu estava em busca de uma metáfora, de uma subjetividade. Afinal, me encantei pela imagem do mergulho do ator, ele atravessando o quadro. Então optei por esse mergulho fotografado diagonalmente”, disse Carla.

“Me encantou a subversão da imagem na ousadia do enquadramento – o ator atravessando diagonalmente o quadro – na fotografia do Murilo. Afinal temos um filme dirigido por um fotografo. O mergulho e o atravessamento diagonal iam além. O mergulho no Amazonas. O mergulho no Brasil. A identidade cultural. O marco na produção literária do Mario. O próprio filme em direção ao livro de origem. Por fim, essa arte representa o mergulho que Mario deu na cultura brasileira, mais especificamente na cultura amazonense”.

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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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