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Martin Scorsese alerta contra o que ele chama de “cinema comfort food”

Publicado por
Marcelo Müller

Em 2019, nosso querido Martin Scorsese, um dos nomes mais importantes da história do cinema, foi arrolado numa polêmica meio tola ao colocar suas opiniões sobre grandes franquias estreladas por super-heróis. Mas, a verdade é que ele vem alertando, sempre que pode, à infantilização excessiva do cenário hollywoodiano, não apenas pela oferta de filmes para públicos jovens ser massiva, mas por conta de uma homogeneização nociva que vem se alastrando. Falando via redes do TIFF 2020, o Toronto Film Festival, do qual é um dos eméritos embaixadores, Scorsese celebrou os eventos cinematográficos como foros de resistência: “O fato dos festivais de cinema continuarem a acontecer, improvisando, adaptando-se, fazendo tudo funcionar de alguma forma, é muito comovente para mim. Na imprensa e na cultura popular está se tornando tristemente comum ver o cinema sendo marginalizado e desvalorizado e nesta situação categorizado apenas como comfort food.

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Comfort Food é a designação gastronômica de um tipo de prato que visa causar justamente uma sensação confortável, apelando a noções de aconchego, geralmente remetendo a outras experiências anteriores. Ou seja, Scorsese se refere ao cinema feito aos borbotões atualmente em Holywood como aquela comida que enternece, nos deixa confortáveis, mas ao preço de nos acostumar com o mais do mesmo e bloquear o paladar a novos sabores. “Portanto, comemorar a existência de um evento como o TIFF é ainda mais importante e necessário. Nunca é demais lembrar às pessoas que essa notável forma de arte sempre foi e sempre será muito mais do que uma diversão. Os filmes configuram uma fonte de admiração e inspiração”. E tem como discordar do homem?  

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.