Se tornou uma prática comum, até banal, a simplória explicação de pontas soltas do Universo Cinematográfico Marvel por parte dos criadores. Talvez nenhuma outra produção, até mesmo por conta de sua representatividade como encerramento épico de uma fase importante dos longas-metragens baseados nos quadrinhos, Vingadores: Ultimato (2019) ainda vem sendo discutido nos fóruns da internet, nas conversas de boteco e afins. E a Marvel não faz tanta questão de “seguir em frente”, até porque tudo isso representa permanecer “na boca do povo”. Os diretores Joe e Anthony Russo não cansam de responder questionamentos de fãs do Twitter sobre como fulano fez isso, de que maneira beltrano conseguiu determinada proeza, com que autoridade sicrano entrou em tal lugar. A última foi Joe explicando, nesta semana, de que forma o Homem de Ferro rouba as Jóias do Infinito de Thanos. “Nanotecnologia”, disse o cineasta, completando com um detalhamento sobre o uniforme de Tony Stark que NÃO ESTÁ NO FILME!
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Uma breve pesquisa no Google utilizando a sentença “Diretores de Vingadores explicam” já dá uma boa ideia do que esta breve reflexão se trata. O quão conveniente é para um criador/realizador não precisar criar contextos devidamente substanciais e congruentes para tantos elementos se entrecruzando, uma vez que o público aceitará (e até permanecerá ávido) por explicações pós-sessão, por algo que deveria estar posto no filme? Até que ponto esse tipo de estratégia, cuja natureza está atrelada ao marketing, pois promove uma adesão prolongada dos espectadores ao cânone do Universo Cinematográfico Marvel, não é uma facilidade para “tapar buracos“, pura e simplesmente?
Óbvio que a gente do Papo de Cinema acaba também fomentando isso eventualmente, compartilhando por aqui certas “revelações” que porventura desembocam em novas teorias. Faz parte. Mas será que, inclusive para o bem da qualidade dos filmes de super-heróis, não está na hora de pararmos de aceitar explicações posteriores e cobrar porque esses componentes aparentemente vitais não estão contemplados na narrativa? Fica a reflexão.