#MeToo: Defesa de Harvey Weinstein perde em tentativa de desconsiderar dois casos de estupro

Em 6 de janeiro de 2020, um dos julgamentos mais importantes da indústria do cinema e dos movimentos feministas deve acontecer nos Estados Unidos: o processo contra Harvey Weinstein. O produtor, um dos mais importantes de Hollywood nas últimas décadas, foi acusado por mais de 70 mulheres de diversas formas de abuso sexual, incluindo estupro.

Weinstein nega todas as acusações, dizendo que as relações foram consensuais. Mesmo assim, ele será julgado por cinco acusações no próximo ano, apesar de sua defesa ter tentado reduzir os casos para três. O juiz James Burke, de Nova York, negou o pedido da defesa. A equipe legal de Weinstein alegava que uma acusação de estupro em 1993 teria acontecido há tempo demais para ser considerada “agravante” ao caso. Em paralelo, sugeriam que a inclusão do último caso de estupro teria acontecido perto demais do julgamento para que a defesa tivesse o tempo necessário para se preparar.

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Burke também desconsiderou estratégias prévias da defesa, incluindo o “entendimento errôneo de intenções sexuais” e o suposto fenômeno do “sexo voluntariamente não desejado”. Embora sempre tenha se declarado inocente, Weinstein já afirmou mais de uma vez que sua conduta era “normal” entre produtores na época. Ele se tornou um dos principais motivadores do movimento #MeToo, quando mulheres de todo o mundo enfrentaram o preconceito e ameaças profissionais para denunciar casos de abuso.

Enquanto isso, a promotoria pretende convocar Annabella Sciorra para prestar depoimento. A atriz, que figura entre as vítimas de estupro, não pode incluir seu caso no julgamento por ter esgotado os recursos legais. A defesa já antecipou a intenção de levar especialistas e psicólogos capazes de alegar que a memória pode ser distorcida. Caso condenado, a pena de Harvey Weinstein pode chegar à prisão perpétua.