A julgar pela consultoria efetuada entre o Ministério da Economia e Agência Nacional do Cinema (Ancine), a meia-entrada tem seus dias contados no processo de reabertura das salas de cinema. O argumento não é novo, mas retorna com força na atual gestão, sugerindo que o benefício seria responsável pelo alto preço dos ingressos e também pelas dificuldades financeiras do setor.
O levantamento da Ancine aponta que 80% dos ingressos vendidos no país usufruem de alguma forma de desconto, o que levaria os cinemas a aumentarem o preço da entrada como medida compensatória, invalidando o efeito prático da meia-entrada. Hoje, 96,6 milhões de pessoas beneficiam deste dispositivo, considerado essencial para o acesso de pessoas de baixa renda às salas de cinema.
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Após a consultoria, duas medidas foram levantadas pela agência para consertar o que se chamou de “distorções na política de meia-entrada”: uma delas seria rever as regras e restringir o acesso ao ingresso de valor reduzido, e a outra sugere a simples extinção da prática no Brasil. Até o dia 13 de agosto, uma consulta pública está disponível no site oficial da instituição para receber apontamentos a respeito das mudanças na meia-entrada.
Na prática, a consultoria pode servir para atribuir um viés mais democrático a uma decisão que vem sendo desenhada nos bastidores governo há tempos. Caso o benefício seja suprimido sem qualquer forma de compensação ao público, ele representará um golpe particularmente duro ao cinema independente e à população de baixa renda.
Seguindo um raciocínio análogo, as companhias aéreas suspenderam o despacho gratuito de bagagens recentemente, sob o pretexto de baratear o custo das passagens, o que não aconteceu de fato. A prática da meia-entrada para o acesso a espetáculos e casas de cultura existe no Brasil desde o fim da década de 1930.
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